AH, SE EU FOSSE ROTEIRISTA...
Chuveiros podem abrigar bactérias perigosas, diz estudo
Cientistas americanos advertiram que o chuveiro pode oferecer um ambiente favorável para a contaminação por bactérias que causam distúrbios respiratórios. Os pesquisadores da Universidade de Colorado constataram que 30% das peças apresentavam um risco potencial.
A quantidade de Mycobacterium avium era cem vezes maior do que a encontrada normalmente na rede hidráulica das cidades. Esta bactéria forma um revestimento que adere ao interior do chuveiro e a água que sai pela peça pode lançar gotículas com grande concentração do microorganismo no ar. Essas gotículas podem ser inaladas e penetrar nas partes mais profundas dos pulmões, dizem os pesquisadores.
"Se você receber um jato de água na cara quando ligar o chuveiro, provavelmente vai receber uma quantidade especialmente alta de Mycobacterium avium, o que não é muito saudável." A infecção por Mycobacterium avium inclui sintomas como cansaço, tosse seca, respiração difícil e fraqueza.
Aparentemente, chuveiros de plástico podem abrigar mais bactérias do que os de metal, disse...
Os chuveiros podem ser ainda uma rota para a propagação de outras doenças infecciosas como um tipo de pneumonia chamada "doença dos legionários", e distúrbios provocados pela bactéria Pseudomonas aeruginosa.
Banheiras aquecidas e piscinas de spas apresentam um risco de infecção semelhante, de acordo com a Agência de Proteção à Saúde da Grã-Bretanha.
Fonte: www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2009/09/
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A CRÔNICA
Ah, como eu gostaria agora de saber como se faz um roteiro para cinema. Um bom filme de suspense. Já estou com as idéias na cabeça e a câmera na mão. Imagino alguém (uma mulher bonita é chamativo para bilheteria) abre a torneira e recebe um jato de água aparentemente inocente. Poderia estar cantarolando desafinada, mas alegremente uma canção quando, de repente, começa a se coçar toda, a tossir sem saber o que está acontecendo. As bactérias são invisíveis Toca aquele trecho da música do filme Psicose (meu filme iria se chamar Neurose). Então num acesso enlouquecedor de tosse começa a perder o fôlego a e bater com toda a força na parede e a gritar desesperada por socorro. Vem o marido, arromba a porta achando se tratar de uma invasão de algum estranho que a espionava e vê a agonia da amada, desligando imediatamente a torneira e chamando o resgate, já que a voz da mulher a essa altura já está fraca, bem como seus movimentos. Feito o socorro, começa uma investigação médica daquela estranha manifestação no banho. Não havendo nada no interior do seu organismo, parte-se para a investigação do local (no meu filme eu ia contratar aquele Doutor bactéria chato da televisão, aqui ele iria ser muito mais útil). Finalmente (para não alongar demais o roteiro), descobre-se que o problema é a contaminação de todos os chuveiros de São Paulo (tem que ser na maior cidade, né? Afinal se fosse nos EUA adivinha se não seria em Nova Iorque?). Então a paranóia se instala. Os mais ricos, claro, vão mandar colocar uns aparelhos que matam todas as bactérias no reservatório de suas casas e apartamentos, ou seja, um descontaminante na caixa d’água. Ocorre que os ricos são minoria em todo o mundo, então o enredo vai se concentrar nas periferias e bairros menos abastados (senão também não teria mais graça nenhuma esse roteiro, não é mesmo?) As pessoas começam a evitar o banho. Não adiantaria procurar rios, cachoeiras, piscinas nem pensar, afinal, a bactéria vem das nascentes. Nem a companhia de água da cidade possui remédio eficaz. O suspense se agravaria com a falta de banho, já que em qualquer circunstância a falta de higiene traz doenças. É claro que no final o Dr Bactéria vai encontrar a solução salvadora da humanidade, com um produto desenvolvido num laboratório famoso que vai vender bilhões de reais (essa parte nunca entra nos filmes) e entre uns poucos mortos (nenhum mocinho nem mocinha) se salvarão todos.