BOLO DE CAIXINHA
Na tarde do último sábado, com todo aquele calor, me deu na veneta de ir pra a cozinha inventar alguma coisa. Quem sabe um sanduíche? Fucei na geladeira, dei uma olhada. Tinha queijo, tinha aqueles peitos de frango defumado que eu acho legal, mas faltava uma coisa essencial para um sanduíche: pão. Alias, tinha um pão. Mas era um pão doce com frutas em cima, aí não tinha como rolar um sanduíche. Fui olhar no armário e encontrei uma caixa de bolo de chocolate. Taí. Resolvi que iria fazer um bolo. E lá fui eu tirar a poeira da batedeira de minha mãe, lavar as pás e zás: já tava com os ingredientes todos para aprontar o bolo. Leite, margarina, ovos, chocolate em pó e granulado e, claro, a caixinha de bolo. Mistura daqui, lambuza dali, em uma hora o bolo tava pronto. Era só esperar esfriar para tirar da forma e comer.
Antes de jogar no lixo a caixinha de bolo vazia, ela me convidou para uma pequena viagem a um passado não muito distante. Quando fazer bolo de caixinha era uma rotina de quase todo final de semana. Olha só, que coisa ingênua: fazia bolo para agradar minha primeira namorada, que tal? Pois, então. O bolo sempre ficava bom e não tinha como não ficar, era só seguir as instruções da caixinha. Era receita que foi feita pra não errar.
Minha mãe achava um encanto aqueles meus bolos que sempre cresciam e ficavam fofinhos e deliciosos. E, quando vi, ela espalhou minha "fama" de confeiteiro entre suas companheiras da igreja, as beatas, como eu costumava chamar.
Um dia ela me pediu para fazer um bolo pra que ela levasse a um chá da igreja. Eu disse que faria. E lá, no tal dia, ela dispôs os ingredientes à minha frente para fazer. Nada de caixinha de bolo. "Ah, mas acho que consigo fazer do modo tradicional", pensei, de tão craque que estava em preparar os de caixinha. Mas que nada: ficou abatumado o tal bolo e minha "carreira" de confeiteiro foi pelo forno abaixo...
O meu "talento" está é na caixinha.