Iniciantes

Muitas pessoas escrevem nos sites da internet, hoje em dia.

A gente fica pensando: como começaram? Já escreviam antes e aproveitaram-se da facilidade, ou tinham o talento guardado, esperando a oportunidade de manifestar-se?

Difícil dizer. Só fazendo uma grande pesquisa. E os institutos da vida não parecessem interessados na empreitada. A melhor maneira de sabermos é lendo o perfil do autor, mas se ele não escreve desde cedo, não costuma revelar o fato.

Cronistas, contistas e, sobretudo poetas, aparecem em grande número nos sites literários, sem falar nos blogs.

Como em toda atividade humana, encontramos escritores e poetas – acho estranha esta diferença. Acaso o poeta não é um escritor? A interrupção veio mal. Dizia que temos neste meio, boas, médias e fracas pessoas na atividade, como é característica de toda atividade humana.

Mas o interessante são os iniciantes. Pegam um tema e vão desenvolvendo, como se fossem velhos e experimentados escritores. Salutar audácia! Muitas vezes revela um talento brilhante.

É evidente que nem sempre é assim. Temos prosa chatíssima, e poemas completamente sem pé nem cabeça. Aqui o campo é mais fértil. Aproveitando-se da liberdade nos versos, os iniciantes têm campo livre e abusam da falta de conhecimento. Poucos sabem contar as sílabas de um verso.

Talentos e falta dele. O efeito final é bom. Distrai, evita que o autor saia por este mundo doido cometendo disparidades e, quem sabe, pode revelar outro sucessor para Jorge Amado ou Cecília Meireles, por exemplo.

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 02/11/2009
Reeditado em 03/11/2009
Código do texto: T1900657
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