ÉBRIO

ÉBRIO

Ontem, confesso, embriaguei-me do melhor vinho que já vi e pude provar.

Ontem, ébrio de prazer, perdido em devaneios, os mais dignos de Morfeu; eu, de balanço em balanço, de queda em queda, renasci; estou no mundo da volúpia.

Eu, sei que te vi, cheguei-te, apalpei-te, conferi a veracidade da visão dos meus olhos, e senti-me muito feliz.

Como és bela envolta nesse véu chamado cabelos, e que cai-lhe pelos ombros, e em forma de V desce pelo meio das costa caindo-lhe já à cintura...

O bom do vinho, é que não é a quantidade que embriaga, mas sim o primeiro e decisivo gole... é, é aquele que bochechamos e saboreamos antes de o engolir; balouçamos o trago no cálice, sorvemos seu bouquet e degustamos seu olor. Não existe sensação igual; melhores e piores podem até existir, porém igual...

E esse é o vinho, o melhor dos vinhos, de uvas nobres e novas; mas de um tempo de espera em seus barris que revelam a sutileza da exelência de sua idade, viva e marcante, marcando o paladar. Vinho novo e barato todos querem; porém o vinho certo, de idade e qualidade poucos podem saborear...

Tornei-me ébrio ao deitar-me em seu colo e em suas mamas tocar um tocar; um delirar, versejar, alimentar, saborear, dormir; e como é bom sonhar-te, como o delírio de voce me faz bem.

Correr-te os dedos na nuca, espinha abaixo espinha acima, manear-te os lados e as dobrinhas, sentir teu tato, arrepios, calafrios... Prazer!

E como é bom o teu prazer; o de dar e o de receber; quando gritas, quando chingas, quando uivas... quando olho os teus olhos procurando no vazio o "X"; que brilho, quando olhas-me faminta, que delírio.

E quando te busco e te cavalgo como o boiadeiro desesperado a buscar a rês desgarrada na pradaria, monto-te como monto a égua branca marchadeira e, cavalgo-te pelos prados do prazer.

Então, trôpego, cambaleante da fraqueza da explosão suplicante:

"_Deixa-me, deixa-me bem, eu ser teu garanhão castanho, de corrida curta, trote largo e apetite incontrolavelmente seu..."

Quero acordar-te e não consio; quero dormir e não me deixas; quero ir, quero vir, quero ir, quero vir, quero mais, quero você.

Você, me quer?

Por H.F.Costa Em 31/10/09.