Flores, Livros E Filhos

Li há algum tempo que Cartola compôs a música “ As Rosas não falam” ao ver sua esposa, D. Zica , conversando com as flores no quintal de sua casa. Assim, nasceu uma das mais bonitas canções da história da nossa música popular brasileira.

Eu tenho algumas plantas na varanda da minha casa, porém, não costumo conversar muito. Nosso relacionamento se dá através dos toques, do sentir através das texturas, dos cheiros. Nos comunicamos em silêncio.

Diferente é a minha relação com os livros. Também gosto de tocá-los, de sentir seus cheiros, suas texturas, mas diferente das flores, necessito falar. Quando leio algo que me emociona, verbalizo meus sentimentos.

Numa tarde, refleti um pouco mais sobre esse meu jeito de me relacionar com os livros e flores. Descobri que tenho relações semelhantes com os meus filhos.

Meu filho Lucas é um pouco tímido, observador e sensível. Nossa relação é semelhante as flores. Ele gosta do toque, do abraço, do cheiro no pescoço. Mesmo assim, algums vezes falo que o amo, pois acho importante que isso seja dito.

Já Laís, é extrovertida, cheia de opinião e sabe lutar por seu espaço. Assim como os livros, para me comunicar preciso tocá-la , abraçá-la, mas também, necessito falar tudo que sinto.

Penso que todos somos assim. Para nos comunicarmos, precisamos observar e sentir como tocar o coração de quem amamos. Afinal, pequenas sutilezas fazem grandes diferenças.

Roberto Passos do Amaral Pereira
Enviado por Roberto Passos do Amaral Pereira em 08/07/2006
Reeditado em 07/11/2012
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