"CAPITALISMO SÓ EXISTE NO TERCEIRO MUNDO"
Noam Chomsky é considerado o intelectual mais importante do mundo pelo jornal The New York Times. Em 2005 ficou no topo da lista dos principais acadêmicos do Planeta. Aos 80 anos, norte-americano, descendente de judeus russos, é professor do Instituto de Tcnologia de Massachutts. Filósofo, comentarista político e autor de mais de 70 livros, é conhecido como o "papa da linguinstica moderna".
Com todos esses credenciais, Noam Chomsky diz: "Capitalismo só existe no Terceiro Mundo". Um dos maiores críticos da política internacional norte-americana, Chomsky lançou este ano, no Brasil, "Estados fracassados: o abuso do poder e o ataque à democracia", no qual argumenta que os EUA tem, hoje, características de um Estado fracassado e que padece de um déficit democrático. Critica o protecionismo norte-americano e diz que o poder do capital é imposto à força nos países pobres. Os EUA, o país mais rico do mundo, sempre foram altamente protecionictas. Sua economia avançada depende do setor estatal. Computadores, internet, tecnologia da informação, laser, tudo foi financiado pelo Estado. Isto demostra que eles não acreditam em livre mercado. O único lugar onde o capitalismo existe é nos países do Terceiro Mundo.
Fazendo um paralelo, cita a Bolívia. Ego Morales foi escolhido por um eleitorado popular, que não se envolveu apenas no dia das eleições. A população traçou suas próprias políticas e estas lutas estão ocorrendo há anos. Isso é democracia. Nos EUA, o melhor comentário sobre as eleiçoes foi feito pela indústria da publicidade, que deu à campanha de Obama o prêmio de "melhor campanha de marketing do ano".
Na entrevista, Chomsky destaca aspectos positivos e negativos da política atual norte-americana. Diz que, em alguns aspectos, Obama é até mais agressivo que George Bush, como no caso do Paquistão e do Afeganistão, que parecem ser suas principais preocupações internacionais. Obama aumentou os ataques ao Paquistão e rejeitou os apelos desses países para eliminar os bombardeios que atingem alvos civís. Quanto a Israel X Palestina, deixou claro, em sua primeira declaração internacional, que a responsabilidade dos EUA é proteger Israel e não os Palestinos, que são os que precisam de proteção. Positivamente, destaca os movimentos populares a partir dos anos 60, que tiveram um impacto muito significativo no mundo, de diversas formas. E cita como exemplo as últimas eleições nos EUA: o partido Democrata tinha dois candidatos, uma mulher e um afro-americano, coisa inconcebível 20 anos atrás.
O intelectual não vê perspectivas de mudanças com o presidente Barack Obama, mas deposita um mar de esperanças na América do Sul: "Neste momento, é a região mais interesante do mundo". Quanto ao Brasil, declara:"Lula tem tomado uma posição boa, garantindo que os países que os EUA tentam arruinar, como Bolívia e Venezuela, estejam integrados no sistema'.
Baseada nas opiniões desse intelectual, concluo dizendo: a História não é feita por um só homem. A História é feita por todos nós e os movimentos populares mudam seu curso. Daí a importância de darmos nossa contribuição, por menor que seja e com as "armas" que dispomos, para termos o tão falado "país que merecemos".