EU SOU!
Não há um princípio norteador que possa se definir como estrada para todos os homens. Os homens são elementos que confundem-se na própria soberba. Não há garantia plena e absoluta para nenhuma atividade pensante e reinante no planeta. Há teorias. Princípios. Filosofias. Dogmas. Interesses. Jogos. A ciência atropela-se nas investidas pelo tempo, quebrando-se nas pernas, na tentativa de explicar o inexplicável. Não há conformação sem que se proceda uma retórica. E os estudos avaliam o que está limitado pela capacidade medíocre do homem em julgar e colocar-se acima do bem e do mal. Há rasgos desconexos na bula divina que chegou antes e que não está na compreensão humana. Cada fragmento de rocha, cada gota dos oceanos, cada pena de pássaro, cada pelo de animal, nos poros da nossa pele, no brilhar de cada estrela, há uma história condensada. A história da vida e de como tudo começou. A licenciatura plena da sabedoria dos seres humanos, esbarra delicadamente na proposta do incomensurável mundo que se move desde os primórdios. O inatingível processo da construção cósmica, dessa cosmologia infinita, na cosmogonia que canta pelos milênios, reside a forma mágica da construção divina, sem a adoção de nenhum deus. A natureza é a mais perfeita saga que verte o sangue da vida, seja ele vermelho ou verde, azul ou branco, marrom ou cinza, líquido ou pastoso, sólido ou diáfano. Onde estou é apenas uma mera questão a ser definida pelo que eu penso e imagino. Não sou o que aponta meu registro de nascimento, nem minha cédula de identidade, muito menos meu CPF. A sociedade finita buscou definir a realidade infinita. Isso é uma afronta e um equívoco. A constituição divina perde-se em sinais precisos e a formação genética de cada homem não corresponde aos mesmos. As considerações terrenas vilipendiaram o divino e fortaleceram a materialização do que somos. Um número entre bilhões. Não faço parte dessa cadeia efervescente prestes a explodir em um compartimento limitado chamado Planeta Terra. Sei que minha estatura não é essa que me apresenta como humanóide. Sou o resultado de magias que não foram reveladas e jamais serão. Estou na concepção de um ventre eterno cuja liberdade não permite algemas e nem se curva aos ditames ocasionais das mentes humanas. Isso me garante a suprema alegria de não me fixar na codificação temporal definida pelos “achismos” que a sociedade criou e rotulou como regra de conduta. Sou a eternidade que o vento assoprou, assopra e assoprará. E você?