SEXUALIDADE EM FOCO
Educar é minha missão. É sabido por quem me ler. Inclusive penso que meus leitores já estão cansados deste meu falar. Mas acontece que gosto do que faço e adoro falar sobre. Sei que há inúmeras barreiras que entravam a educação. Entretanto, acredito que podemos demoli-las.
Percebo bem isso quando olho para a carinha de um aluno, seja criança, jovem ou adulto. Sinto um carinho tão fresco, que, às vezes, me sinto como uma galinha de asas grandes que quer acolher todos seus pintinhos, meus alunos. E vejo tanta injustiça com eles, tantas inteligências tolhidas que, enquanto é possível, tento levantar o seu amor próprio. Devo ter alma de mãezona – sou de estatura pequena -, pois mexam comigo, mas se mexerem com meus alunos! E, o meu número de filhotes é grande porque não sou professora de sala de aula. Portanto, todos os alunos da escola são meus. E, o maravilhoso nisso tudo é que vejo nos olhos deles o seu amor por mim. Então há uma troca de energia muito positiva entre nós. Adoro fazer um carinho, dar um cheiro, mas quando é para puxar na orelha, dou cada puxão, que vejo lágrimas descerem em suas faces. Mas esta é minha função: educar! E, dizer não, mostrar um comportamento errado, faz parte. E o faço com muito amor.
É neste clima de borbulhar de felicidade que estamos na Escola Estadual Professor Hermógenes Nogueira da Costa, no bairro Abolição IV – Mossoró\RN. Pois é o período da AMOCC (Amostra Cultural e Científica), onde o tema em foco é: O Jovem e a Sexualidade.
Este tema foi resolvido ser trabalhado com os alunos em virtude da necessidade deles, uma vez que nossa escola apresenta um índice considerável de meninas grávidas. Isto sem falar nos problemas embutidos pelos meninos.
Após o tema escolhido, cada turma ficou com um sub-tema para desenvolver de acordo com a criatividade deles. E, inteligência, capacidades e criatividade são o que não faltam aos alunos, desde que o assunto faça parte de sua vida. Acredito que os conteúdos ensinados, na escola, só fazem sentido se estes se encaixarem na vida do aluno. Se vierem contribuir com a melhoria em sua qualidade de vida. E isso, nós educadores, precisamos saber demonstrar para os alunos. Caso isso não ocorra, eles – conteúdos - serão apenas montinhos de lixo encostado num canto do cérebro, esquecido logo pela memória.
Este evento teve a duração de dois dias (28 e 29.10.09), aberto a comunidade, onde foram decididas em grupo as atividades realizadas. O que foram fartas: pesquisas, entrevistas, panfletagens, palestras, exposições, depoimentos, apresentações: dança e teatro, decoração de ambientes, entre outras. O que mais me encanta nisto tudo é que os próprios alunos vão à luta e organizam as atividades, supervisionados por professores. Nós cuidamos de comunicar a imprensa para registrar este evento em sites, jornais e televisão.
Num evento deste tantas habilidades e competências são desenvolvidas conforme a estrutura do novo ENEM requer que fica dispensado o uso daquela tão conhecida e enfadonha prova. O terror das escolas! Quem nunca perdeu noites de sono por causa desta malvada? E, por causa do estado emocional abalado, além de não dormir, no dia seguinte ainda tirou nota baixa. Isto prova que a prova não prova conhecimento de ninguém! Entretanto, é o modo mais fácil de classificar e rotular o aluno, desconsiderando suas capacidades.
O fato é que muito ainda precisa mudar nas escolas, desde compreensão a posturas nossas: educadores. Enquanto isso vamos abrindo caminhos entre as adversidades, mostrado que é possível sim fazer educação de qualidade em nossas escolas. Basta acertar no ponto de interesse do aluno, que este deslancha a criar.
E, esbanjando criatividade e capacidade, três jovens de nossa escola, querendo demonstrar seu talento para promoter sugeriram encerrar este evento com uma discoteca. Inicialmente, muitos empecilhos – mania de brasileiro – foram apontados. Mas, como vejo possibilidades em tudo, resolvi assumir com eles. Portanto, coordenei esta atividade e foi sucesso total. O que não representou, para mim, novidade alguma porque conheço o potencial de todo ser humano, o que lhe falta são oportunidades.
Fiz questão de receber o projeto pronto para a realização da discoteca: local do dance, esquema de segurança, orçamentos, horário: inicio e término, proibição de bebida alcoólica etc. Frisei que só aceitava ambiente e equipamentos de primeira qualidade porque nosso aluno merece. E, assim aconteceu. Hoje posso ver a felicidade pousada no olhar dos “meus” filhotes e concluir que todo o trabalho valeu à pena. Mesmo nossa escola sendo localiza num bairro periférico, freqüentada por alunos com alguns distúrbios comportamentais, quando bem tratados, dão respostas positivas. O que reforça minha convicção: todo ser humano nasce bom, o trilhar do seu caminho é quem o desvirtua. Portanto, tenho muito que agradecer a Deus e aos meus colegas de trabalho que acreditam em minhas loucuras de pedagoga. Amém!