As neuras do vestibular I
1979, continuamos no convênio.
A partir do segundo semestre, a tensão e o nervosismo foram contaminando os mais suscetíveis. Algumas aulas com o Zé Luis, de física, eram suficientes para sair metralhando a autoestima da moçada.
Eu era vítima certa, e chorava...
Na nossa sala, as escolhas dos cursos estavam até bem distruídas pelas diversas opções que a universidade oferecia, e claro, fui parar no grupo das meninas da arquitetura (eu, Laura, Carmen, Ana Cristina e Márcia), e que passou a ser o contraponto dos meninos da engenharia.
As excessões ficaram por conta do Alexandre – cujo talento artístico fez dele hors-concurs na disputa com as meninas, e pela Márcia que depois das férias de julho apareceu com a novidade bombástica: “Vou fazer Elétrica, opção eletrônica!” Que ela era fera a gente sabia, mas elerônica era pra macharada, entende? Fiquei entonteada, maravilhada com a ousadia que jamais teria...
Mas eu queria contar o lado cômico (ou seria trágico?) de nossa saga.
Ali, bem no meio da sala estava ela, a Carmen, que eu também não lembro direito como foi que foi parar na nossa turma; só sei que rapidamente deu o que falar.
Ela era supercompetitiva, cdf assumida, cujo hobby era conferir no sábado, depois do simulado se tinha “fechado” a prova. Já os meninos sacanas, feras ou não, passaram com isso a enlouquecer a pobre cada vez que um gritava: “Fechei!” E ela saía correndo pra lá, incrédula, com a prova na mão!
Via de regra a Carmen voltava aos sábados para casa aos prantos e com um escore de 55 a 59 das 60.
Dava pena de ver a tristeza dela (ou seria a nossa???)!...
Anadijk
Houten, 29/10/09