VIDA VAZIA
Ela sabia de cor e salteado a vida da rua, do bairro e se bobeasse, da cidade inteira.
A cada encontro, desfiava os capítulos de sua novela de quinta sobre a vida alheia. O que desconhecia, inventava descaradamente.
Encontrei-a ontem, depois de retornar àquela cidade para completar um trabalho. Há dois anos não a via. O lugar não mudou. A mulher, sim. Estava ainda mais árida.
Enquanto tentava encurtar o diálogo, atrasada e sem o menor interesse em descobrir sobre a vida dos outros, ela dispara:
- O que você acha do novo casal?
Olhei para a dupla que entrava no restaurante sem reconhecer de imediato, mas assim que a ficha caiu (o homem desistira de um longo casamento para assumir a única paixão da sua vida) simplesmente devolvi a pergunta:
- Deveria achar alguma coisa?
- Ah, Dolce! Deixa de ficar em cima do muro, posando de boa moça! Você entendeu!
- Eu entendi! E você, não?
(*) Imagem: Google
http://www.dolcevita.prosaeverso.net
Ela sabia de cor e salteado a vida da rua, do bairro e se bobeasse, da cidade inteira.
A cada encontro, desfiava os capítulos de sua novela de quinta sobre a vida alheia. O que desconhecia, inventava descaradamente.
Encontrei-a ontem, depois de retornar àquela cidade para completar um trabalho. Há dois anos não a via. O lugar não mudou. A mulher, sim. Estava ainda mais árida.
Enquanto tentava encurtar o diálogo, atrasada e sem o menor interesse em descobrir sobre a vida dos outros, ela dispara:
- O que você acha do novo casal?
Olhei para a dupla que entrava no restaurante sem reconhecer de imediato, mas assim que a ficha caiu (o homem desistira de um longo casamento para assumir a única paixão da sua vida) simplesmente devolvi a pergunta:
- Deveria achar alguma coisa?
- Ah, Dolce! Deixa de ficar em cima do muro, posando de boa moça! Você entendeu!
- Eu entendi! E você, não?
(*) Imagem: Google
http://www.dolcevita.prosaeverso.net