CAFA
Você foi o maior cafajeste que já passou na minha e olha que tive muitos. Mas eles sempre foram sinceros, se mostravam livres, mulherengos, arredios e eu comprei o pacote, decidi arriscar. Em todos fui feliz, apesar das cicatrizes.
Eu não sou daquelas que dizem que deu tudo errado porque acabou. Acabou porque tinha que acabar, mas foi bom enquanto durou. Senão fosse assim, não teria continuado. Mas com você é diferente. O tempo vai passando e eu vou tentando encaixar uma felicidade maior do que o meu jeito estupefato com tudo o que aconteceu depois.
E o que designa o cafajeste?
Basta olhar nos teus olhos e identificar a sua covardia.
Você foi o homem que me deu sonhos. Que me trouxe uma visão diferente do amor. Que me deu poesia em meus dias. Que me causou inspiração para que eu sonhasse, que eu rimasse, enfim, que eu fosse melhor do que estava sendo de fato.
Você me deu uma proposta de felicidade que eu tinha guardado no fundo da gaveta, que acreditei que fosse apenas uma utopia inalcançável. Porque não teve um dia sequer que você não me tivesse puxado para sonhar com nosso futuro e nossa simplicidade inquietante.
Mas era um vão, uma bruma. Num dia, você disse que não queria mais, que não estava preparado para mim. E decidiu que isso explicaria o inexplicável.
Até hoje eu não sei bem porque você se foi, mas sei que depois você nunca mais foi o homem que amei.
Se cobriu de farsas, de intrigas, de pessoas e palavras desconexas a nós dois. Ouviu hipocrisias, acreditou em tolices, alimentou, por covardia ou maldade, a mentira.
Hoje se disfarça de cordeiro para permanecer transparente. Como se tudo o que aconteceu comigo não fosse sua culpa, como se eu soubesse explicar porque fiquei girando, tonta, por tanto tempo.
Eu te odeio. Lógico, o ódio é uma forma de amar e eu já te amei um dia. Embora eu tenha dúvidas se não eram apenas desejos de uma vida feliz, ou de paz, ou de que alguém me quisesse bem como a suavidade da música. Mas eu te amei e hoje te odeio. Porque odeio homens covardes. E isso, você é “expert”.