Um "cabra safado" em minha vida

“Se eu quisesse uma mulher para beijar e fazer sexo, seria simples, só precisaria ir à calçadinha e estar com uns 50 reais na certeira!”. Essa frase parece dura à primeira vista, mas depois de pensar um pouquinho percebi que ela se aplica tanto a minha vida que eu nem imaginava.

Qual a graça de se manter uma relação com outra pessoa se o intuito é só a carne? Beijar é bom, fazer sexo, melhor ainda, mas nada se compara a fazer todas essas coisas com alguém que gostamos. Fazer por fazer é puro desejo, instinto. (E não, eu não sou animal para ter instinto).

A moda de ontem era o rapazinho ficar sentando no sofá da mocinha e, por horas a fio, só poder trocar um carinho bem discreto, sempre correndo o perigo de serem pegos pelo pai super ciumento e protetor. Hoje as pessoas não querem manter relacionamentos, elas querem se usar. Usar a boca do outro, o corpo do outro, os sentimentos do outro.. Tudo por puro prazer de usar.

Vendo minha atual situação, acabei percebendo que estou me deixando levar por essa modinha barata. Do que tem me adiantado sonhar com um príncipe no seu cavalo branco, se eu tenho me contentado com um carinha mais velho, safado, que só me quer por prazer?

“Tenha amor próprio, não se submeta a isso”, é o que dizem muitas amigas.. Todas as vezes que, aos finais de semana, o tal carinha simplesmente some. Queria eu ter toda essa força e mandar logo ele pastar, como eu queria que mandar nos sentimentos fosse tão fácil (como a teoria dos livros de auto-ajuda).

Apesar da pouca força de vontade, tenho ensaiado na frente do espelho todo um discurso: “Por favor me deixe em paz, não quero mais te ver e ser só um brinquedinho em suas mãos. Cansei de ficar, cansei de você não querer me assumir”. É, realmente cansei.

Cansei de fingir que não ligo pra ele, cansei de dar uma de louca quando ele simplesmente some sem dar noticias, cansei de estar à disposição sempre que ele quer, cansei de querer namorar e ele só querer curtir, cansei de, apesar de ser mais nova, sempre dar sermões e mostrar toda a maturidade que ele devia ter mas não tem, cansei de ser mulher de mais pra um homem tão pequeno.

Qual seria o problema dele pedir para me namorar? Se diz que gosta, ué, então namora. Queria poder entender de onde vêm tantos medos, de onde vem esse poder de adivinhar o futuro e saber que não vai dar certo. E, afinal, se não der mesmo tão certo como tenho sonhado, pelo menos o tentar não teria sido em vão. Mas o tal “medo” tende a perseguir os indecisos nessa vida.

Andei de submetendo a muita coisa que eu não precisava passar, paguei por pecados que poderiam ter sido evitados, comprei brigas em vão, fiz loucuras que poderiam ter sido adiadas, me cansei quando poderia ter me poupado.

Tudo isso para descobrir a força que uma simples pergunta tem. Para saber, em fim, que existem homens que não estão preparados para a vida, na verdade, que tem medo de viver. Descobri que ser uma pessoa vivida não quer dizer nada e que a maturidade não anda obrigatoriamente junto com o avanço da idade.

Cheguei, finalmente, à simples conclusão: vou mandar pastar esse cara que não quer meu coração. (Uma rima nessas horas é sempre bom pra quebrar esse clima de “vá se lascar seu cabra safado”).

Isabelle Barros
Enviado por Isabelle Barros em 28/10/2009
Código do texto: T1892652
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