JUDAS E JESUS
Judas & Jesus
Jorge Linhaça
Esta semana que passou,nosso controverso Presidente da República declarou algo do tipo:
"Se Jesus vivesse hoje ele se aliaria ao Judas"
Claro que a aparente contradição de Jesus aliado a Judas, levou muitas pessoas, dos mais variados meios a criticarem duramente o presidente Lula, no entanto, embora o contexto não seja agradável, por incrível que pareça, desta vez o presidente não disse algo de tão alarmante.
Cristo por certo não faria um conchavo com Judas por questões políticas, como o contexto leva a entender, entretanto,quem conhece as escrituras sagradas não pode deixar de lado o fato de que Judas e Jesus foram aliados por aproximadamente três anos, ou seja, desde que Cristo chamou Judas ao apostolado até à ocasião em que Iscariotes o traiu.
Se analisarmos ainda mais friamente, dentro do contexto histórico da época, perceberemos que a personalidade de Judas foi um fator determinante para o desencadear dos fatos.
Senão, vejamos: o povo Judeu vivia sob o jugo do império romano e não eram raros os casos em que a ânsia messiânica visse nesta ou naquela pessoa a personificação do Messias prometido, que viria libertar Israel do domínio material de outras nações.
É importante compreender que o Messias era aguardado como um libertador e portanto imaginava-se a figura de um guerreiro e não de um pacifista como Jesus.
Ao longo do tempo tem se avaliado a motivação que levou Judas a cometer a traição que culminou com a crucificação de Cristo e o seu próprio suicídio.
Judas Iscariotes, pelo que reza a tradição, era o único apóstolo oriundo da região da Judéia,enquanto todos os outros eram galileus.
Não é segredo que os galileus eram considerados pelos da Judéia como cidadãos de segunda classe, talvez Judas entendesse que deveria ter alguma regalia em relação aos outros apóstolos,imbuído dessa crença regionalista.
O fato é que Judas foi incumbido de ser o tesoureiro dos apóstolos e, no exercício de suas funções, começou a demonstrar o seu caráter usurário e, segundo o relato de João, era também "ladrão" fazendo uso próprio do que haveria de ser um bem comum. ( João 12:6)
Cristo por certo que conhecia o caráter de cada um dos seus apóstolos e ainda assim manteve Iscariotes como um dos doze, embora soubesse que seria ele quem provavelmente o trairia.
Comparar os fatos da missão de Cristo e da escolha dos apóstolos ,com a política atual, pode até denotar um mau gosto, no entanto existem lá as suas semelhanças. Deve-se levar em consideração que foi Jesus que escolheu aos seus apóstolos, inclusive Judas, e não o contrário.
Judas teve a oportunidade de ver muitos exemplos do poder divinal de Cristo ao longo dos anos em que conviveram e talvez, devido ao seu caráter e maneira de ver as coisas, não se conformava com o fato de que Jesus não usasse o seu poder para esmagar os romanos e restituir a liberdade ao povo judeu. O ato de sua traição, poderia ser motivado não pela ambição das 30 moedas mas, talvez em sua visão distorcida dos fatos, tenha o Iscariotes imaginado que, ao ver-se na iminência de sua morte, Jesus convocasse os poderes do céu e miríades de anjos para finalmente levar a termo a revolução ambicionada pelo povo naquela época.
Não estou advogando a causa de Judas, é certo que ele era motivado por questões outras que não a espiritualidade compartilhada pelos demais apóstolos, talvez ele tenha seguido Cristo na esperança de atingir algum cargo proeminente após a revolução que acreditava iminente.
Como a pretensa revolução tardava em acontecer, Judas preferiu o caminho que lhe pareceu capaz de acelerar o processo que pretendia que ocorresse.
Para tanto não hesitou em aliar-se aos seus até então adversários.
Nada muito diferente do cenário político de nosso país onde a busca de altos cargos e vantagens acabam por colocar no mesmo "balaio de gatos" partidos de ideologias distintas, alguns deles aliados de quem estiver no poder na ocasião, num fisiologismo descarado,permissivo e contraditório.
Na miscelânea política de nosso país, acabamos sem saber a quem caberia o papel de Judas já que a grande maioria de nossos " representantes" parece estar imbuída de desempenhar alegremente esse papel tão logo a ocasião se apresente.
O certo é que o povo é quem desempenha o papel de Cristo, continuamente traído e crucificado pelas decisões ou omissões políticas de seus governantes.
No entanto, não se pode eximir o povo e as instituições também do papel de Pilatos, pois quando o assunto é votar cosncientemente, o que se vê é uma enorme multidão de pessoas a " lavar as mãos" sobre os destinos dos municípios, estados ou nação sob a alegação de que todos políticos são iguais e agindo mais como torcedores de um time de futebol, votando sempre nos mesmos nomes ou grandes partidos políticos, favorecidos desde sempre pelo poder econômico e pela mídia em geral.
Mais um golpe nesse sentido foi preparado para as próximas eleições:
Os "debates" ( com perguntas previamente aprovadas pelos partidos ) serão novamente polarizados pelos candidatos melhor colocados nas pesquisas eleitorais.
Os menos conhecidos ficarão de fora,como se nada tivessem a dizer.
E assim caminha nossa pseudodemocracia, amordaçando os pequenos e dando voz aos mais fortes.
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