O SER SERVIDOR...

Já teve época em que muitas das pessoas que trabalham numa administração pública foram chamadas de "Marajás". Evidente que com uma administração pública tão deturpada em face das nomeações de Gabinetes, o serviço público passa por sérias críticas no mundo privado, primeiro porque os serviços prestados não são de primeira qualidade e, segundo, porque ainda não nos livramos da pecha criada pelo Legislativo através dos cargos 'de emprego' que são criados com o único objetivo de 'acomodar' pessoas que possuem relações de parentescos ou de amizade com políticos ou com alguém importante dos três Poderes: o chamado nepotismo.

Aliás, a maioria das administrações públicas, não visam atender seus objetivos intrínsecos e extrínsecos, que tem, indubitavelmente, o seu fim único de atender à população como um todo, através de um serviço público organizado e prioritário de forma que tudo venha a se desenvolver conforme mandam os discursos no momento do pleito eletivo. Caso isso ocorresse, não teríamos o caos nos Postos de Saúdes e nos Hospitais e nem veríamos o povo pobre enfrentando filas para conseguir um direito que lhe é garantido pela Constituição Federal.

Entretanto, em que pesem todas a 'ferrugens' do sistema, surge um momento em que somos obrigados a penetrar no âmago do entrevero estatal, para podermos fazer uma filtração das coerências e dos pontos positivos, a final, não somos tão idiotas de achar que nada funciona, porque se isso realmente ocorresse haveria um colapso nos Três Poderes, que são, sem dúvida alguma, as molas mestras da soberania Nacional e também do controle das questões estruturais e financeiras que envolvem a balança comercial e o poder de auto-suficiência das relações internacionais de nosso País, que, apesar de tudo, são alvissareiras e alcançam um nível de equilíbrio como nunca se viu em épocas anteriores, tanto que enfrentamos a crise global e não "quebramos" como muitos outros países.

Não obstante, não quero utilizar o tempo do leitor, para ficar expressando a performance de Governo etc, até porque essa questão envolve exames aprofundados do sistema político que não é o objetivo deste texto. O que realmente desejo é falar sobre o SER chamado Servidor Público, até em homenagem ao seu dia.

A meu ver, existe no serviço público dois tipos de servidor (ser humano). Um é aquele batalhador, persistente, estudioso e preocupado com sua capacidade intelectual. Outro, é aquele que deseja ganhar um bom salário e que, em contrapartida, não tenha que se esforçar e se dedicar para atingir as metas do cargo. Aliás, essa diferenciação quem estabelece é a própria lei, criando os casuísmo daqueles que sempre olharam o serviço público como um modo de 'encostar' seus pupilos, para que estes, por sua vez, possam garantir o poder. Esse é o servidor público que ingressa no cargo sem nenhum esforço. Ocorre, que existe um outro fator de acesso ao cargo público que deve ser enaltecido. São aqueles servidores que almejam alcançar sucesso pessoal e, para isso, possuem consciência que devem estudar, para passar e assumir um cargo público. São os concursados. Estes sim, dão o equilíbrio e são a parte boa da administração pública, pois geralmente são o que trabalham e são os que possuem capacidade técnica para mover a máquina pública dentro dos seus reais objetivos.

Assim, acho injusto quando vejo a população (de uma forma geral) generalizando e pondo todo mundo no mesmo 'balaio de gato'. Eu, particularmente, conheço muito servidor público de valor e que trabalham incessantemente para atingir os objetivos do cargo. São os Promotores de Justiça zelando pela lei e pela ordem. São muitos juízes julgando com imparcialidade. São muitos Defensores Públicos atendendo os carentes. São muitos auxiliares do Poder Judiciário dando garantia aos juízes para que os serviços de sua competência sejam concluídos em tempo e dentro de uma ótica de boa prestação jurisdicional. Enfim, mesmo existindo o 'joio' no meio do 'trigo', as partes sadias da planta conseguem se desenvolver e produzir resultados, que, evidentemente, quando olhado no resultado final não é visto como o ideal, aparecendo as carências e as 'mechas' de incoerências, porque o contingente é desigual, eis que enquanto alguns trabalham e produzem, outros se encostam nas frestas da própria lei, inchando os gastos e denotando a falta de proporcionalidade entre o número de servidores e a presteza do serviço que deveria ser melhor apresentado perante a sociedade.

Por todas essas razões, neste dia do servidor público, peço que todos façam uma reflexão (servidor ou não), para que vejam o SER servidor como uma circunstância da própria lei e saiba vê-lo de forma particularizada, de tal forma que numa eventual avaliação do serviço público, possa dimensionar esses dois elos de servidor e não seja tão severo no julgamento, colocando cada um no seu devido lugar.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 28/10/2009
Código do texto: T1891689