O amor não tem referências
Esses dias tava pensando sozinho: quantas vezes a gente precisa de referências quando quer fazer alguma coisa? É assim no colégio, quando a gente escolhe os colegas, mesmo que à primeira vista não haja intimidade, mas se são colegas dos nossos amigos, podem ser nossos também; é assim quando conhecemos um amigo de um amigo, e nos tornamos amigos também (ou não); quando vamos comprar um veículo, novo ou usado, procuramos referências dele para saber se as nossas necessidades são exauridas por ele; e, quando aparece alguém especial, mesmo sem precisar, também aparecem as referências.
Você quer um carro espaçoso, mas depois lembra-se de que ele vai ocupar muito espaço, vai dar problema para achar uma vaga. Quer um carro esportivo, mas sabe que isso é inversamente proporcional à economia de combustível. Achou o carro dos seus sonhos num preço extraordinário, mas mesmo assim o dinheiro que você tem não dá para comprá-lo.
Quando conhecemos pessoas, às vezes a pessoa é legal, mas você não está em um bom momento para se relacionar. Ou você se agradou muito da pessoa, mas ela não gostou muito de você. Os amigos dizem que vocês combinam, mas pessoalmente não rolou "aquela química". Você achou ela super interessante, mas quando começaram a conversar... tragédia! Soube que alguém gostava muito de você, mas você não se sentiu atraído por ela. Vocês combinam em quase tudo, e esse quase tudo é justamente o que empata de vocês ficarem juntos. A pessoa tem uma personalidade firme, forte, mas é intransigente demais. Bate de frente com você. Não rola.
Quando o amor aparece, some tudo. Até as referências. Some até a pessoa com que você vai se relacionar. Porque ao invés de uma pessoa, o que perdura é um sentimento íntimo, particular, o outro foi apenas responsável por despertar essa alegria, esse tesouro. E a partir daí, nada mais importa. Seja rico, pobre, magro, gordo, alto, baixo, com filhos, separado, viúvo, casado ou não, mora ao lado ou do outro lado do mundo... o que importa é que você está dominado por uma sensação ímpar, preciosa e rara.
Tão rara que hoje em dia é quase impossível de achar. Mas, quem sabe se as referências não me ajudam a encontrar?