O "lance" de hoje é tomar bala em festa Rave, engravidar em baile Funk e pirar na onda da éguinha pocotó!

Aposto que a grande maioria das pessoas alguma vez na vida, em determinada circunstância, escutou a frase: “Bons tempos àqueles que não voltam mais!” Fiquei pensando na nostalgia dos saudosistas que não compreendem os tempos modernos, pensei, pensei... Coincidentemente percebi que eu, na flor da juventude, também sinto saudade de um tempo que nem mesmo conheci...

Não há de fato um “mundo moderno”, o mundo segue o mesmo. Ainda que mais poluído, mais desmatado, mais privatizado... No entanto, em relação à modernidade, o mesmo! O que mudou de fato foram as pessoas que o habitam. A mudança ocorreu em nossas percepções.

Criamos aquela racionalidade (irracional) de bajular quem tem grana, quem é sarado, descolado, bombado... Se pararmos para pensar, fazemos isso desde o tempo de escola quando queríamos a amizade do garoto (a) mais popular entre a pirralhada, ou ainda, por quem dividia o lanche na hora do recreio.

... Efeito!

Depois de adultos, entre roda de amigos, adquirimos com muita competência o hábito do descaso pela vida do “outro” (salvo exceções às fofocas que aprendemos a amar), não importa QUEM são, mas sim o que TÊM, e óbvio, se poderemos tirar algum proveito disso. Nos acostumamos a lengalengas incessantes sobre viagens, produtos importados, restaurantes, gastronomia, grifes no estilo Chanel, Dior, Gucci, Louis Vuitton, blá blá blá...

O individuo que ousa tocar no tema: “aquecimento global” (e parentescos), é bicha, viadão, boiola...!

...Bocejos!

Falamos muito mais que ouvimos.

Vinicius, Jobim, Drummond... ultrapassados demais para os tempos modernos! Acabaram-se as sabatinas, os sarais, as serenatas... O lance de hoje é tomar bala em festa Rave, engravidar em baile Funk e pirar na onda da éguinha pocotó!

No mesmo estilo de conversa, transformamos tudo em euros (a casa, o carro, os filhos, as cuecas...), como se pudéssemos enganar quem nos ouve ou sermos enganados por quem nos fala. Como se pudéssemos esquecer que vivemos nesse país de Lalaus! Nessa República de ladrões! Esquecemos que não somos um império “monarquizado” por reis de perucas loiras, não somos yankes... Não somos europeus em casacos de pele. Somos lobos em pele de cordeiro!

Cabe o dito: Deixar de ser para parecer ser!

Perdeu-se a verdade, a identidade, a nacionalidade!

...Aplausos!

Nos consumimos na virtude da farsa!

Entre tanta frivolidade, somos o povo falido de fé e moral! Somos a condena do ladrão de galinhas e a absolvição do colarinho branco do Planalto, do larápio do Senado... Fala-se muito em redução da menoridade penal, rigidez nas leis para crime de trânsito, reformulação do código penal... E a lei para crimes políticos? Pensei em punições semelhantes à China. Lembrei do sub-governador condenado à morte por aceitar subornos...

Bem, se fosse aqui, Brasília ficaria vazia e os cemitérios lotados!

Que saudades do Getúlio!

O “Novo mundo” que criamos, corrompe-se!

O policial, a igreja, a política... a juventude! Toda classe corrompida!

Saímos de tempos mágicos como aqueles do biquíni de bolinha, da Garota de Ipanema, da bossa nova e dos sonhos de amor para adentrarmos na era das “cachorras poposudas” e bailes sem calcinha.

Se hoje a música não tiver um tapinha pra doer não agrada a maioria.

Bons tempos àqueles da mulher de verdade...

E a revolução do “Novo mundo?”.

Antes plantávamos, agora desmatamos.

Antes criávamos, agora destruímos.

Antes nossos filhos liam gibis, agora pornôs.

Antes o padre era santo, agora o pedófilo é padre. Antes a igreja era salvação, hoje... Extorsão!

Antes os apaixonados casavam “Até que a morte os separasse”, agora só até o divórcio.

Um dia consolidaram o trabalho, agora querem flexibilizá-lo.

As paradisíacas praias antes ponto turístico, agora ponto arrastão!

O Redentor segue cartão-postal do país, mas já teve sua cabeça pichada! Picharam o Cristo... São Paulo também está inteira pichada!

Enlouquecemos a liberdade de expressão. Creio não entendermos o que significa, ou sequer, se existe um significado, qual o resultado...

Subimos na expectativa de vida, diminuímos em saúde.

Acostumamos a ver mais doentes com menos hospitais.

Julgamos sem diplomas de juizes.

Esbanjamos comida enquanto milhões passam fome.

Condenamos nosso corpo e nossa mente a satisfazer nossos vícios, entorpecemos a mente para viver a vida!

Somos fluentes no inglês e porcos no português!

Evoluímos em tecnologia, retrocedemos em criminalidade... Somos bárbaros, Vikings, cruéis! Estamos sob a mira de metralhadoras, propensos à navalha do terror!

Moderno paradoxo!

Evolução ou desgraça?

Geyme Lechner Mannes
Enviado por Geyme Lechner Mannes em 28/10/2009
Reeditado em 26/03/2010
Código do texto: T1891543