DA INDIFERENÇA
 


Existe um mundo que toma conhecimento

E este é o maior para mim
O mundo de mim mesmo
(Walt Whintman)
 
 

Cecilia Meireles, com a sua alma livre de poeta deixou dito em versos que já não se morre de velhice nem de acidente nem de doença, mas, só de indiferença.

 
Morre não, digo eu. Sou mais Charles Favart, que acredita ser a indiferença o sono da alma. E se a indiferença é o sono da alma, com certeza a minha está começando a entrar em sono profundo.
 
Uma vez que reconheço tal, acho bom, muito bom que assim seja. Quando despertar e tomar conhecimento do mundo maior, que é o mundo de mim mesma,  fique eu com os meus comigos, e em se tratando de sentimentos, que me revista da indiferença daqueles que são fortes, que são donos e que não me permita nunca mais ser apenas coração.
 
Contraditória, eu? Mas quem não é? Sou poeta. “Irmã das coisas fugidias. Hoje farei o possível para não amar as pessoas, sobretudo por causa das pessoas.”.
 
E você que me faz rir com o seu “Sei lá!” não me pergunte quem eu sou neste momento, pois se o fizeres ti direi: sou Florbela Espanca e a seu modo  responderei: “ Sei lá! Sei lá! / Eu sei lá bem quem sou? / Um fogo-fátuo, uma miragem... sou um reflexo um canto de paisagem / Ou apenas cenário! Um vaivém.”
 
 
 
 
 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 28/10/2009
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