Estamos quase lá

ESTAMOS QUASE LÁ

(crônica publicada no jornal "Diário Catarinense" de 28.10.2009)

Dir-se-ia (com absoluta propriedade, aliás) que, se não estamos lá, é porque ainda permanecemos cá. Embora, nos casos em questão, o sucesso na conquista do objetivo (“estar lá”) é, precisamente, permanecer cá, isto é, aqui onde se está neste momento.

O caso do Avaí, por exemplo, que disputa o campeonato em ritmo de bolero (dois pra lá, dois pra cá): necessitando de 45 pontos para se garantir entre os 16 classificados para a Série A de 2010 (a primeira divisão do campeonato nacional de futebol do Brasil, que reúne os 20 melhores times em atividade no País), passadas 31 rodadas conseguiu juntar 44 pontos. Tem, agora, as sete rodadas remanescentes até o final do certame, quando estarão em jogo 21 pontos, para amealhar um pontinho apenas, o pontinho salvador.

E por que 45 pontos? Por uma questão puramente estatística, observadas as séries históricas dos campeonatos em que vigorou o mesmo esquema de 20 equipes disputando o título (e a permanência na elite do ano seguinte) em jogos corridos, ou seja, sem classificações intermediárias que habilitem a uma infinidade de quartas-de-final, semifinais e inúmeras finais em ida, volta, retorno, confirmação, prorrogação e cobrança de pênaltis - coisas, estas, que dão enorme prazer e gosto para a televisão, que fatura mais com tantas quartas-de-decisão, semi-decisões e decisões sem fim (e sem lógica). Pensa o vulgo que deve levar o título o clube que for melhor em todo o campeonato, e não apenas durante uma pequena parte do seu desenrolar.

Matematicamente o Avaí pode ser rebaixado para a Segundona: basta perder todas as partidas e o Náutico, hoje em 17º lugar e primeiro a cair, se o campeonato terminasse agora, vencer os jogos que faltam, chegando aos 53 pontos; mas, inversamente, ganhando os derradeiros confrontos (e os nove primeiros colocados ganhando poucos), o Avaí conquistará o título brasileiro com 65 pontos - o Palmeiras, atual líder, mal e porcamente alcança os 54.

Já o Figueirense, disputando uma competição muito mais apertada, em que, das 20, apenas 12 equipes permanecerão na Série B de 2010, está muito melhor do que o Avaí para conservar o seu "status". O Bahia, 17º da B, somará 53 pontos se ganhar os seis jogos restantes - apenas dois pontos a mais do que já desfruta o time do Continente.

Pode-se dizer, pois, que está de parabéns o futebol praticado na capital catarinense.

(Amilcar Neves é escritor de ficção e autor, entre outros, do livro "Pai sem Computador", novela juvenil, Editora Atual, São Paulo)

Amilcar Neves
Enviado por Amilcar Neves em 28/10/2009
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