Assisti na TV a respeito de um caso em que uma mãe construiu uma cela em casa para manter o filho longe das drogas.
Estudei em um colégio de Ensino Médio aqui em Brasília, muito conceituado e somente poucos conseguiam acompanhar de tão exigente.
O grande slogan desse estabelecimento era o de aprovação record e que os primeiros colocados sempre eram os seus alunos.
Lembro muito bem o quanto fiquei assustada com tantos adolescentes usavando drogas de todos os tipos, inclusive injetáveis, e diziam que para passar, no tão sonhado vestibular, precisavam delas.
Assim, estudavam muito e dormiam pouco.
Certo dia, uma jovem muito linda de fartos cabelos compridos, pele morena e olhos esverdeados e enormes que parecia tão terna, foi aos poucos se sentando ao meu lado.
Então, durante o recreio me levava ao banheiro e tentava convencer-me a fumar.
Lembro das minhas incansáveis discussões acerca do mal que o cigarro e a maconha faziam e isso a deixava muito irritada comigo.
Eu pensava que ela fumava tão-somente o cigarro, que para mim já era muito desastroso.
Pra minha surpresa, ela me chamou num cantinho onde ficava um conceituadíssimo professor de biologia.
Então, esse admirado mestre, tratou de expor toda uma teoria científica tendo em vista provar que maconha não era bicho de sete cabeças e não viciava.
Por sorte, nos dias seguintes, este teve que entrar em licença médica por problemas com drogas e, dias depois, por ironia do destino ou ação do meu anjo da guarda, vi a mesma pessoa num estado de desespero no meio da rua, drogado e comportando-se como um doido varrido.
Eu consegui cumprir uma promessa que havia feito a Deus no meu mais íntimo ser:
- Mesmo que dependesse de fumar ou usar qualquer tipo de drogas para conseguir passar no vestibular, jamais faria isso com esse templo que Ele havia me concedido.
Não me permitiria ver naquele estado de mendicância e desespero que observei em muitos alunos que ingressaram no tão sonhado curso superior.
Percebi que não poderia mesmo fazer parte daquela triste comunidade e decidi suspender o sonho de fazer um curso superior, naquela fase da minha vida.
Meu pai, provedor de dez filhos, não teria condições de me manter numa faculdade particular.
Então entrei logo no mercado de trabalho, paguei meus estudos e formei numa faculdade particular. Limpa e orgulhosa.
Onde moro agora, tenho acompanhado e presenciado repetidas histórias de vidas que se perdem em conseqüência das drogas. A história sempre é a mesma e acontece não só com o pobre, mas o médio, o médio alto...
Observo que os jovens de classe alta, sofrem com drogas mais elaboradas.
Normalmente, o personagem é um adolescente brilhante e de uma inteligência social incrível. Sempre carismático e um perfil perfeito para atração de outras vítimas.
Dependendo do caso, entre os dez e quatorze anos revelam personalidades agressivas e sempre conseguem uma brecha para escapar da vista dos pais, mesmo daqueles mais atentos.
Conhecem uns caras muito legais, que fazem tudo por eles.
Tudo que essas crianças não conseguem com os pais, sempre vão ter, generosamente, com esses “grandes amigos” que os ensinam a serem leais, “brothers”; ensinam regras de comportamento dignas de qualquer guerreiro e "cabra macho"; oferecem muitas risadas e divertimentos; fazem esquecer as broncas; e convencem que o lugar deles é ali, naquele mar de ilusões.
Logo se tornam viciados; laranjas armados; testas de ferro da polícia; pegadores de minas viciadas.
A propósito, essas garotas que chamam "minas", fazem jus ao apelido.
Essas criaturas são vítimas da ignorância de autoridades, que determinam a prisão desses pobres como traficantes, quando não passam de instrumentos dos verdadeiros bandidos.
Os verdadeiros vilões dificilmente são pegos, e guando isso acontece, a sociedade sofre mais prejuízo do que lucro. Pois, a corrupção não tornam seus negócios mais difíceis dentro da cadeia. Muito pelo contrário.
Dentro da cadeia essas reais vítimas acabam sendo mais vitimadas ainda com as drogas e quando conseguem sair viram caças de bandidos e polícias.
Muitos deles, em sua maioria, não tiveram sequer tempo pra fazer escolhas. Quando acordam já estão dentro da armadilha e dificilmente conseguem sair.
Uma solução que sugiro e tenho observado muito de perto é o recolhimento dessas vítimas, de forma involuntária, vez que não sabem o rumo que devem tomar, para maiores cuidados com profissionais e voluntários que demonstram um verdadeiro desejo de recuperá-los.
A ordem é de não desistirmos nunca de nossos filhos...
Não nos enganemos, eles não estão nessa por opção.