QUANDO VOCÊ SE SENTE LEVADA A DESOBEDECER AS REGRAS
 
 

Pois tem razão o filósofo  ao

Dizer que entre  a  felicidade
E a melancolia não   medeia
Espessura maior   que   a de
Uma lâmina de faca.
(Virginia Woolf)
 
 
 

Um dia você acorda, pode ser num dia daqueles QUE  você acha QUE  o mundo está triste , QUE    o céu e mar estão cinzento , e  QUE   você por si só se basta, QUE   se acha a própria Clarice Lispector, depois  QUE  descobriu nela mesma como se pensa e por conta, nunca mais pode acreditar no pensamento dos outros. Aí você para a escrita e conta quantos “QUEs”  você escreveu até agora. Sabe que transgrediu as regras,mas não dá a mínima, manda às favas o Manual Geral de Redação e continua porque você se sente levada a desobedecer às ditas regras.

 
O seu olhar é perdido, em você a necessidade de caminhar sem olhar para trás, para os lados e nem para frente, num vôo cego de morcego. Não deseja companhia, em qualquer caverna se acomodará e lerá os aforismos de Shopenhauer, porque o seu espírito assim exige . Sentirá prazer em ler Pedro José da Fonseca explicando “A Arte Poética de Horácio” e dentro do ensino escolástico a Estética Literária de Aristóteles. Também lhe fará bem conhecer o pensamento do poeta persa Gulistan de Saadi por dizer: “Hás perdido o império do mundo? Não te aflijas; isso não é nada. Hás conquistado o império do mundo? Não te regozijes ; isso não é nada. Dores e felicidades, tudo passa, passa ao lado do mundo; isso não é nada.”
 
E sabe do que mais, como um nada me sinto, melhor seria se eu fosse uma toupeira para fazer o que lhe é natural: escavar a terra.
 
 
 
 

[Todo aquele que escolhe a áurea mediana está livre dos cuidados de um teto miserável, e não inveja, sóbrio, os esplendores dos palácios. Acometidos pela tempestade, o alto pinheiro é agitado pelos ventos, as mais elevadas torres desmoronam com estrondo e os cimos dos montes são feridos pelos raios. (Horácio, Odes, II. 10. 5-12.)]
[Todo aquele que escolhe a áurea mediana está livre dos cuidados de um teto miserável, e não inveja, sóbrio, os esplendores dos palácios. Acometidos pela tempestade, o alto pinheiro 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 27/10/2009
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