SOLIDÃO
O cigarro de palha entre os dedos. Fumo colhido na própria fazenda. O escarro amarelo, profundo, que manchava o chão barrento. A cada tragada a infelicidade. Contorcia o beiço e a língua de fora num balé sincronizado. O gosto ruim lembrava vinagre. Escarrava novamente com mais amargura. Era vitima da tristeza que assola o coração dos homens. A solidão da perda. A janela batia forte, num som estridente. As tramelas se soltavam do prego enferrujado. As mãos grossas sobre a testa enrugada. A cianose, o fazia homem de sangue azul, enquanto a lida diária, o fazia um homem comum. Não freqüentou escola nenhuma, apenas viveu na fazenda e freqüentou a igreja. As janelas batiam num coro tedioso, devido o vento vindo da serra chorona. Os primeiros pingos amargurados da chuva miúda. Na varanda, naquele banco de madeira, toda tarde, a reluzente a memória o transportava para o seu insucesso mundano.