Caleidoscópio
Antes das seis as ruas eram cinzas e sem cor. O inicio da manhã era tarefa complicada, era dia, mas escuro como a noite. Tudo parecia de ponta cabeça no Japão.
As telas de plasma, os aviões voando de barriga pra cima e todos pareciam primos do Drácula dormindo no teto. Tudo belo e estranho visto de perto no sentido contrario, e reparando o relógio no sentido anti-horário.
Até que ela ganhou um óculos caleidoscópio e sua visão ficou clara. Pode ver as estelas colidindo, viu a gravidade caindo assentando o mundo oito vezes colorido ao seu redor, refletido em seus olhos de mosaico toda as cores do dia.
Era filha de Cecília Meireles e Monteiro Lobato e via tudo em preto e branco de um angulo diferente. Ganhou do tio Di Cavalcante o caleidoscópio pra ver o mundo colorido assim. Depois que aprendeu a geometria da vida em reflexos que oito vezes se replicam, criou o lustre espelhado, aquela bola que gira alegrando em festa de embalos de sábado a noite, e colocou no meio do salão de arte.
Os olhos de caleidoscópio se abriram aos 40 nos, e agora todo mundo pode espiar pra ver como ela vê; o mundo da ponta da cabeça de onde a arte pode nos levar, através de olhos puxadinhos.
*Crônica fictícia sobre a obra e imaginação de Tomie Ohtake "a dama das artes brasileiras" que deve ver o mundo com outros olhos.
Para saber Visite:www.institutotomieohtake.org.br/inicio/teinicio.htm