De repente! Não mais que de repente...

Não paro de me perguntar como que a vida de uma hora pra outra vira de ponta cabeça. O caminho é certo até dobrar uma esquina e pronto: um olhar diferente pra mesma paisagem já te faz mudar os planos que eram tão sólidos quanto certos! Um risco que não há como não temer. Até por que se não der certo, voltar vai parecer sem sentido e aí a gente fica sorrindo amarelo e dizendo "tudo bem", como levar um baita tombo em público. Na verdade devo desculpas, afinal se a minha vida virou de ponta cabeça, indiretamente a de algumas pessoas também, pois o esforço que tenho feito pra ser uma pessoa menos sensível fez de mim alguém diferente e eu ainda não sei se melhor ou pior, mas percebo alguns olhares que parecem me pedir em silêncio: por favor, volte! Só percebi isso quando me disseram que eu parecia uma carroça vazia, nem respondi, mas sei bem que quanto mais vazia uma carroça, mas barulho ela faz. Ou seja, o esforço em rir alto e contar piadas nem sempre disfarça a frustração de ter acreditado numa história falsa. Eu já tomei muitos remédios, mas se o tempo for o melhor deles, vou tomá-lo em doses pequenas – embora muitas vezes pareça o pior dos venenos. Quem sabe assim, o globo terrestre não vá virando bem de levinho pra não me derrubar e me coloque de novo com os pés no chão. Eu já estou cansando de viver sempre a noite, e ficar assim com a cabeça pra baixo tem me dado náuseas e minhas idéias estão caindo, assim como as moedas do meu bolso, só que lá embaixo não há nenhuma fonte dos desejos. Que pena!

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 26/10/2009
Reeditado em 26/10/2009
Código do texto: T1887670
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