AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE VÔO DE UM PÁSSARO FERIDO
 

I LOOK UP TO THE LITTLE BIRD
THAT GLIDES ACROSS THE SKY
HE SINGS THE CLEAREST MELODY
IT MAKES ME WANT TO CRY
IT MAKES ME WANT TO SIT RIGHT DOWN AND CRY
(Marcelo Freire - meu filho) 



Quanto cuidado! Quantas mãos a segurá-lo! Quantas palavras de incentivo foram ditas! E ele tentou alçar vôo. Chegou-se ao parapeito da janela, bateu  asas e... não foi muito longe; planou por momentos e voltou à janela. Imagino que deve ter  sentido que a hora ainda não havia chegado, com certeza doíam-lhes as feridas do corpo. Tornou-se silente e não mais cantante, presumível era que, doíam-lhes também as feridas da alma.
 
E assim, passavam-se os dias, a cada manhã uma nova tentativa, um novo testar de asas, um novo insucesso. Pobre pássaro cansava-me a sua tristeza, o queria longe de minha janela...
 
Talvez ele tenha pressentido este meu desejo... Ontem ele bateu asas e voou. Sem retorno. Curado? Sei lá eu, só sei que voou e da minha janela vazia o vi sumir... sumir... sumir...
 
Nada mais restava a fazer. Fechei a janela e jurei esquecer o pássaro. Mesmo que esse pássaro seja eu...
 
 
 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 26/10/2009
Reeditado em 26/10/2009
Código do texto: T1887431
Classificação de conteúdo: seguro