A caixa de bombons - quase mais um vexame

Ainda em Lisboa, fui jantar em casa de Antonio, sua mãe lhe pediu para me transmitir o convite. Diante de tamanha gentileza, não podia ir de mãos abanando, mas não havia tempo de comprar nada. Lembrei-me então da caixa de bombons que ganhei de uma prima no aeroporto, na hora de embarcar. Ela vinha bem a calhar. Envergando um taierzinho Chanel (pirata), azul-marinho com passamanarias vermelhas e botões dourados, lá fui eu para o jantar.

Logo ao chegar, entreguei o presente à senhora. Enquanto ela desfazia o embrulho, fui tomada por um sobressalto: e se naquela caixinha não houvesse chocolate algum? Minha prima era dada a brincadeiras, bem que poderia ter posto ali dentro uma calcinha de puta, quem sabe preta de rendas vermelhas... Ai, meu Deus! Por que é que não abri essa bendita caixa antes de oferecê-la a uma distinta senhora portuguesa? Paralisada, não conseguia pensar em outra coisa, torcendo para que tudo aquilo não passasse de minha imaginação. Se a calcinha aparecesse, o que é que eu faria?

Custei a descontrair-me. Ainda estava tensa quando ouvi os comentários sobre a interessante embalagem das barrinhas de chocolate que vinham embrulhadas separadamente, cada uma apresentando fotografia de um lugar típico do Brasil. Respirei aliviada antes de passar à sala de jantar, onde degustamos um delicioso bacalhau acompanhado de bom vinho.

Felizmente a mãe de Antonio não era diabética e tive o prazer de vê-la saborear três barras do meu chocolate após o cafezinho.