A comadre do cônsul e a bolsa

Não é da bolsa da comadre que vou falar, é mais um relato da primeira viagem que fiz a Portugal, nos áureos tempos juvenis. Sequência da crônica Cascais by night.

Apesar do vexame que dei, dormindo no meio da conversa lá em Cascais, Antonio apareceu no dia seguinte e me levou à Fundação Kaluste Gulbenkian. Além de visitar o museu, eu queria conversar com uma senhora naquela instituição, importante figura na decisão de bolsas de estudo para estrangeiros. Ela era madrinha de um aluninho meu, filho do cônsul de Portugal em São Paulo. Através de uma carta que lhe entreguei, o cônsul me apresentava à sua comadre. E como eu gostaria de um dia estudar por lá... queria informações.

A senhora me recebeu muito bem, mas nada podia fazer no momento. Primeiro eu devia terminar a faculdade. Depois, era só voltar com a papelada toda, incluindo o item mais difícil: uma carta de apresentação do professor Amora.

A comadre do cônsul ficou muito admirada ao saber que seu afilhado era meu aluno e que o rapaz que me acompanhava, sobrinho do famoso professor. Só faltava mesmo eu terminar a faculdade!

Saí de lá feliz da vida, já me imaginando uma estudante em Lisboa.

O que, na realidade, nunca chegou a acontecer. Quer dizer, terminar a faculdade, terminei...