PAGAMENTO DE PROMESSAS – PARTE II
Pagar promessas feitas pelos outros nem sempre é um bom negócio, conforme eu coloquei na parte um desta crônica. Outro dia, eu li num site que um amigo tinha feito uma promessa para o parceiro dele – de cachaça – pagar, se ficasse bom de uma cirrose. O pagamento deveria ser feito assim que o mesmo tivesse condições financeiras para fretar um carro – para ele e para o amigo – e a promessa era que ele deveria atravessar a passarela – numa extensão de 500 metros – que dá acesso à Basílica de Nossa Senhora Aparecida, até a sua entrada, simplesmente de joelhos.
Quem tem um amigo desses não precisa de inimigo. Se bem que, se o cara ficar bom, o sacrifício vale a pena, pois ele terá seu fígado zerado e pronto para vários anos de quilometragem, quero dizer, de abastecimentos, sem precisar trocar o filtro de gasolina, ou melhor dizendo, sem precisar que o mesmo amigo faça uma outra promessa esdrúxula para ele pagar.
Mas, tem promessa que dá gosto que ela seja paga. Outro dia, a minha sogra adoeceu e foi preciso ser internada. Lá, na internação, ela esteve vai não vai. Então, claro, foram feitas algumas promessas, principalmente das filhas, para que a mãe se recuperasse e voltasse ao convívio de seu lar, onde a esperava o seu esposo, no caso, o meu sogro.
Um adendo: a minha sogra é dessas senhoras, do tipo beata, que vai (ia) todos os dias rezar nas casas alheias – das amigas, também, beatas – e consome (consumia) os três turnos nessas andanças, chegando, às vezes, a rezar uns cinco terços e um rosário por dia.
Pois bem, a "velha", graças a Deus e às promessas feitas – e aos médicos, claro – ficou boa. De volta ao lar, ainda se recuperando, mas com uma “coceira” danada para começar a “escuvitiar”, uma tarde, se arrumou e disse para seu “velho” que ia dar uma volta na casa de uma vizinha. Meu sogro, um homem cheio de artimanhas – célebre, no bairro, por ser um bom piadista –, saiu-se com essa:
- Celeste, eu fiz uma promessa para você pagar. E, para você sair de casa, ir à casa de suas amigas, primeiro tem que assistir a uma missa na Igreja de Nossa Senhora, no bairro do Alto da Conceição.
Gente, minha sogra riscou em cima da bucha, como se diz. Irritada, foi logo pedindo para levá-la a assistir a dita missa, para ela pagar a promessa. Convocadas, as filhas levaram-na. O velho meu sogro foi junto. Na volta, a velha toda sorridente. Por dois motivos: tinha pagado a promessa e assistido a uma missa que, fazia tempo, não assistia, ao mesmo em que estava livre para “visitar” suas amigas.
Naquela noite, ela foi dormir toda prazenteira. No outro dia, à tarde, ela, novamente, se aprontou para sair. De novo, o meu sogro lhe falou em tom solene:
- Minha velha, na verdade, eu fiz duas promessas para você pagar e, só depois desta segunda, é que você pode sair de casa.
Bem, eu não vi, mas me contaram que, desta vez, quase que sai fogo – tipo aquele cara do quarteto fantástico – do olhar da minha sogra. "Pegou ar” mesmo! Eu só sei que ela, impaciente, perguntou onde deveria pagar, desta vez, a promessa.
- Lá no Perpétuo Socorro, por trás, na Capela da Mãe Rainha, disse meu sogro.
Lá se vai ligar para a Capela, “botar” o nome na lista das graças alcançadas, providenciar transporte e a companhia das filhas – juro que eu estava louco para levá-la, mas, infelizmente, um compromisso de última hora me tirou essa caridade a ser praticada e, por que não dizer, um prazer pessoal imenso – e lá se foi a minha sogra pagar a promessa feita pelo seu esposo.
Resumo da ópera: a velha pagou as duas promessas, já está, aos poucos, saindo de casa – fazendo uma visita aqui, depois ali, outra acolá – e, como diz o ditado: as contas do rosário são para serem passadas, senão a reza não faz sentido.
Pagar promessas feitas pelos outros nem sempre é um bom negócio, conforme eu coloquei na parte um desta crônica. Outro dia, eu li num site que um amigo tinha feito uma promessa para o parceiro dele – de cachaça – pagar, se ficasse bom de uma cirrose. O pagamento deveria ser feito assim que o mesmo tivesse condições financeiras para fretar um carro – para ele e para o amigo – e a promessa era que ele deveria atravessar a passarela – numa extensão de 500 metros – que dá acesso à Basílica de Nossa Senhora Aparecida, até a sua entrada, simplesmente de joelhos.
Quem tem um amigo desses não precisa de inimigo. Se bem que, se o cara ficar bom, o sacrifício vale a pena, pois ele terá seu fígado zerado e pronto para vários anos de quilometragem, quero dizer, de abastecimentos, sem precisar trocar o filtro de gasolina, ou melhor dizendo, sem precisar que o mesmo amigo faça uma outra promessa esdrúxula para ele pagar.
Mas, tem promessa que dá gosto que ela seja paga. Outro dia, a minha sogra adoeceu e foi preciso ser internada. Lá, na internação, ela esteve vai não vai. Então, claro, foram feitas algumas promessas, principalmente das filhas, para que a mãe se recuperasse e voltasse ao convívio de seu lar, onde a esperava o seu esposo, no caso, o meu sogro.
Um adendo: a minha sogra é dessas senhoras, do tipo beata, que vai (ia) todos os dias rezar nas casas alheias – das amigas, também, beatas – e consome (consumia) os três turnos nessas andanças, chegando, às vezes, a rezar uns cinco terços e um rosário por dia.
Pois bem, a "velha", graças a Deus e às promessas feitas – e aos médicos, claro – ficou boa. De volta ao lar, ainda se recuperando, mas com uma “coceira” danada para começar a “escuvitiar”, uma tarde, se arrumou e disse para seu “velho” que ia dar uma volta na casa de uma vizinha. Meu sogro, um homem cheio de artimanhas – célebre, no bairro, por ser um bom piadista –, saiu-se com essa:
- Celeste, eu fiz uma promessa para você pagar. E, para você sair de casa, ir à casa de suas amigas, primeiro tem que assistir a uma missa na Igreja de Nossa Senhora, no bairro do Alto da Conceição.
Gente, minha sogra riscou em cima da bucha, como se diz. Irritada, foi logo pedindo para levá-la a assistir a dita missa, para ela pagar a promessa. Convocadas, as filhas levaram-na. O velho meu sogro foi junto. Na volta, a velha toda sorridente. Por dois motivos: tinha pagado a promessa e assistido a uma missa que, fazia tempo, não assistia, ao mesmo em que estava livre para “visitar” suas amigas.
Naquela noite, ela foi dormir toda prazenteira. No outro dia, à tarde, ela, novamente, se aprontou para sair. De novo, o meu sogro lhe falou em tom solene:
- Minha velha, na verdade, eu fiz duas promessas para você pagar e, só depois desta segunda, é que você pode sair de casa.
Bem, eu não vi, mas me contaram que, desta vez, quase que sai fogo – tipo aquele cara do quarteto fantástico – do olhar da minha sogra. "Pegou ar” mesmo! Eu só sei que ela, impaciente, perguntou onde deveria pagar, desta vez, a promessa.
- Lá no Perpétuo Socorro, por trás, na Capela da Mãe Rainha, disse meu sogro.
Lá se vai ligar para a Capela, “botar” o nome na lista das graças alcançadas, providenciar transporte e a companhia das filhas – juro que eu estava louco para levá-la, mas, infelizmente, um compromisso de última hora me tirou essa caridade a ser praticada e, por que não dizer, um prazer pessoal imenso – e lá se foi a minha sogra pagar a promessa feita pelo seu esposo.
Resumo da ópera: a velha pagou as duas promessas, já está, aos poucos, saindo de casa – fazendo uma visita aqui, depois ali, outra acolá – e, como diz o ditado: as contas do rosário são para serem passadas, senão a reza não faz sentido.
Obs. Imagem da internet