Encantos da Vida

O homem moderno costuma ser um desesperançado.

Trabalha demais, não tem tempo para uma conversa franca com a mulher, os filhos, os amigos. É o corre-corre dos dias, que se repetem monotonamente, sem desafios a sua criatividade. Ela morreu no secundário, para os felizes que o completaram.

Os moços de hoje não são mais donos de suas vidas. O trabalho está acima de tudo, só que este trabalho, na maioria das vezes, não é o ideal. Pior: não há como se lutar contra. As regras estão estabelecidas. Quem está sujeito a elas, cumpra-as.

Conheço várias pessoas que reclamam demasiado do trabalho que executam. Vão se libertar na aposentadoria, ou reforma.

Por favor, não citem Machado. Como escritor público de alfarrábios, conseguia passar por cima da mediocridade. Não só isso, mas o seu inegável talento. Tanto foi um mestre na prosa, como na poesia. “A Carolina” é um dos mais belos sonetos da língua portuguesa.

A Literatura, como querem muitos, não está em crise. Não é por que autores de valor estejam faltando. A culpa é do sistema, que através da grande e poderosa mídia, promove falsos valores, para lucros não poucas vezes indevidos e fabulosos.

Enquanto isto, muitos talentos são postergados.

A única escapatória é a ciência. Cada vez mais, surgem nomes inigualáveis.

A mim me parece, se não caio em bruto erro, que a questão hoje é de sobrevivência. Se o trabalho não permite derivações, é a regra do jogo. Lutar conta ela não é possível.

Quem consegue burlar esta regra, diz o que quer.

Mas são poucos, infelizmente.

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 25/10/2009
Reeditado em 26/10/2009
Código do texto: T1885632
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