ALEGRIM DOURADO

“- Alegrim, alegrim dourado,

Que nasceu no campo

Sem ser semeado.

Alegrim, alegrim dourado,

Que nasceu no campo

Sem ser semeado.

Foi meu amor,

Que me disse assim

Que a flor do campo

É o alegrim.

Alegrim ...”

Foi cantarolando assim que, a vovó Maria e eu, partimos no “Dia das Crianças” de Belo Horizonte para Jundiaí, interior de São Paulo, a fim de visitar nossa filhota Ana Claudia, seu marido Décio e os netos Isabela (15 anos), Victor (13) e Guilherme (9), na companhia do Daniel, dirigindo, e do netinho caçula Tomás (4).

Saímos na sexta-feira à tardinha, sem pressa, pegamos a “Fernão Dias” , agora privatizada, toda recuperada, pista dupla, asfalto novo, muito bem sinalizada, propiciando conforto e segurança. As paisagens iam passando, o cenário sempre mudando, o crepúsculo surgindo e a noite chegando.

A viagem transcorreu sem novidades até chegarmos ao nosso destino, já tarde da noite. Todos estavam acordados, com exceção do Guilherme, já entregue aos braços de Morfeu. Ana, Décio, Isabela e Victor nos aguardavam sorridentes. Após os abraços e beijos carinhosos, Ana Claudia nos convidou à cozinha para um lanche rápido, onde pudemos conversar bastante, sabendo das novidades de cá e de lá, até que o sono pediu cama e dirigimo-nos aos quartos já preparados.

No sábado, um lauto café nos aguardava com todos à mesa. O Guilherme logo grudou no Tomás (filho único), que interagiu com seu primo da melhor maneira, rindo e brincando como nunca. Isabela e o Victor, sorridentes, acompanhavam as estrepulias dos dois, admirando-se da desenvoltura do lourinho.

Depois do café fomos conhecer a nova casa da família, em final de construção num condomínio fechado em bairro próximo. Um local muito bonito, terrenos enormes, casas de alto nível. A residência deles tem um arrojado projeto arquitetônico, muito espaçosa, uma beleza. Antes do final do ano já terão mudado e pedimos a Deus, nosso pai, que eles sejam ainda mais felizes no novo endereço.

Saímos então para ver alguns bairros e recantos da bela e aconchegante Jundiaí, após o que fomos almoçar no bairro Caxambu, no restaurante da Família Brungnolli, bem ao lado do enorme vinhedo da propriedade.

Ambiente enorme, charmoso, excelente atendimento, nos deliciamos com as carnes, as massas, legumes, folhas, frutos e vinhos da típica cozinha italiana, num clima alegre e descontraído. A seguir, visitamos a adega ao lado do restaurante e a loja, onde degustamos alguns vinhos de fabricação própria, adquirindo algumas garrafas de lembrança. Em anexo existe um pequeno museu organizado pela família Brungnolli, onde é contada a saga daqueles imigrantes italianos, sua chegada ao Brasil e a escolha daquela região para seu estabelecimento.

Saímos para um passeio pelos sítios e fazendolas próximos, visitando lugares encantadores, até que, começando a entardecer, regressamos à casa de Ana e Décio.

No domingo, outro gostoso café matutino, com a Lilica, “poodle” branca e pequenina da família rodeando a mesa , balançando o rabinho e atenta às migalhas de pão que caíam, distraidamente, ao chão da copa.

Fomos passear e, mais tarde, rumamos para Holambra, onde o Décio nos proporcionou um tremendo rega-bofe num restaurante holandês, extremamente simpático e acolhedor, onde saboreamos boa comida e tomamos boa cerveja. Depois do antepasto, pasto e repasto retornamos a Jundiaí, onde a meninada continuou as brincadeiras nas quadras do condomínio e os adultos foram tirar um cochilo.

Acordamos tarde na segunda-feira (dia 12, feriado), tomamos aquele tradicional café da Ana Claudinha e, após as despedidas, já com o coração saudoso pela maravilhosa acolhida que nos foi proporcionada, pegamos a estrada de volta a Bêagá.

No caminho, o Tomás retomou a cantoria, agora apoiado pelo pai, Daniel, e pelos avós, Dona Mari e eu, até Bragança Paulista, onde paramos à beira da lagoa para almoçar.

Depois da refeição, tornamos à BR-381 e voamos para as Minas Gerais, aonde chegamos por volta das vinte e duas horas. O Daniel nos deixou à porta do prédio, na Cidade Nova, e pespeguei um beijo carinhoso na bochecha do meu netinho caçula, o qual dormia o sono dos inocentes no banco traseiro do automóvel.

Nesse instante, vieram-me à mente as cenas do Tomás cantando sua modinha preferida, todo sorridente e com aquele charme que é só dele:-

“- Alegrim, alegrim dourado, que nasceu no campo sem ser semeado ...”

E eu, numa daquelas ocasiões, querendo dar uma de doutor sabe-tudo:-

“- Hei, Tomás, não é “alegrim” não! É “alecrim”, Tomás. “Alecrim” ...” - E ele, firme e seguro, como é de sua natureza:-

“- Vovô, eu falo do meu jeito, viu? ...”

-o-o-o-o-o-

B.Hte., 20/10/09

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 24/10/2009
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