A Natureza tem voz
Passando por uma BR vejo-me olhando para uma vegetação mirrada e cheia de espinhos, devido à escassez da chuva. Em meio a tanta sequidão algo se destaca: flores rosa. Olhando atentamente descubro outros pontos coloridos. São os ipês. Árvore que podem ser vistas esporadicamente, e enquanto o carro vence as distâncias, os ipês rosa ficam para trás.
Logo surgem outros pontos amarelo. Percebo que alguém com criatividade e ousadia, plantou dois pés de ipês juntos: um rosa e outro amarelo. É o brincar das cores. O colorir em meio à aridez do lugar, do clima, da vida dura e espinhosa. É um show à vida.
Emocionada, apenas fico a repetir:
-Que lindo! Olhe ali há outro!
- Meu Deus, quanta beleza!
- Como nossa Terra é linda! Pena que há muitos que sentem prazer em destruir.
- Como nosso Mundo é belo!
Repetitivo? Não! É o reconhecimento de minha alma pelo que a Natureza tem nos dado, e muitas vezes nem paramos para um simples olhar. A desculpa é a pressa. Perdemos muito com isso
Mas vamos prosseguindo, pois o caminho é longo, a estrada é ruim. Há perigos a nos espreitar. Vejo poucos quilômetros mais a frente, um véu. É um ipê branco. Tão raro. Tão esplendorosamente branco. Parece um véu de noiva em meio às pedras, espinhos, esqueletos de arbustos, árvores, esqueletos de animais que tombaram de fome e sede. O Ipê branco manda uma mensagem de que ainda é possível acreditar, ter esperança, sonhar. É a vida que se renova e se mostra em todo seu esplendor.
Olho para meu esposo, e proclamo em alta voz: Ainda há esperança!