A oficialização contrária as leis e a ordem.
Se alguém comentasse jamais acreditaria. Se fosse um espetáculo de humor, logicamente iria rir e achar a piada de excelente bom gosto. O que será escrito, cai naquela máxima de que se não fosse trágico, cômico seria.
Em pleno centro financeiro da segunda cidade mais importante do país, é necessário em todos os sentidos que a ordem, o respeito às leis, estejam sob controle dos poderes públicos, do município e do estado, certo? Quando o governo Eduardo Paes iniciou sua gestão, deixou clara a população que implementaria um choque de ordem em toda a cidade, pois vivíamos e vivemos o caos urbano.
A última gestão municipal não se importou em colocar disciplina no que diz respeito no terceiro setor, no comércio informal, mais conhecido como camelô. Parecia um verdadeiro mercado Persa do avesso; as barracas dos ambulantes moravam sobre as calçadas de pedestres e esses transitando no meio fio, disputando espaços com os carros. Vendia-se de tudo, desde botão até panelas e, por falar em panelas, o que tinha de barracas comercializando sanduíches de todos os tipos...
O furto de luz dos postes era o céu aberto nesse dilúvio de vendas. A sujeira então, nem se fala! As equipes da companhia de limpeza urbana, nunca foram suficientes para atender a demanda de lixo produzido pelos ambulantes.
Diante destes fatos, o novo prefeito não teve alternativa em lançar uma blitz chamada Choque de Ordem. Esse Choque não resumia reprimir os vendedores de calçadas, pois não eram só eles que faziam a baderna urbana, os restaurantes à la Carte também, expondo suas mesas e cadeiras sobre o espaços destinados aos transeuntes, fazendo com que estes disputassem lugar com os automotores.
Essa revista começou a ser executada multando quem recolhiam impostos e reprimindo quem, além de não pagarem taxas fiscais, faziam da via pública o seu Carnaval. A esses foram subtraídas as suas mercadorias e só ficavam quem possuía alvarás para aquele fim, assim mesmo dentro do padrão que o município exige por Decreto.
O engraçado e trágico vem agora. Em pleno burburinho do Centro da Cidade, um carro de passeio marrom, portando uma caixa de alto falante sobre o teto, anunciava alto e em bom som, seu narrador no interior do veiculo: senhores e senhoras, isso não existe! Lutem contra! Choque de Ordem não existe! Isso é ilegal...
O mais cômico é que numa ruazinha a 30 metros do carro agitador, estava sendo realizado um Choque de Ordem, com todo o aparato da prefeitura e do estado. Ao ver aquela cena fiquei estarrecido, não poderia jamais imaginar que seria testemunha ocular de algo tão bizarro na minha vida.
A solução para essa ignorância é o estado corrigir o seu erro. Qual erro? Dar para o cidadão o que a Constituição Federal manda. O quê? Educação, saúde, habitações dignas, alimentação e trabalho. Não é muito. Isso é o mínimo de obrigação que o Estado tem que fazer. O Estado não faz a sua parte e por isso também merece um Choque, mas não de ordem, mas de vergonha.