Lei de Murphy em ação.

Às vezes, mesmo que tenhamos feito tudo que julgamos correto para que algo aconteça dentro da conformidade, o resultado se torna algo totalmente danoso. São situações do dia-a-dia em que é difícil encontrar uma explicação lógica por, talvez, serem incompreensíveis para a maioria das pessoas, apesar de ocorrerem com muita freqüência. Diante do insucesso em remediar a situação, quem sabe a melhor solução seja apenas deixar acontecer e seguir em frente, pois, às vezes, quanto mais se mexe, remexe na situação pior ela fica e mais confusão e aborrecimentos nos causa.
Chamo isso de lei de Murphy* em ação, embora resista em admitir que isso possa ser verdade, não posso negar que fatos indesejáveis acontecem sucessivamente trazendo conseqüências desastrosas, apesar das tentativas em contê-las. Não gosto nem de pensar nessa lei, porém é difícil negar que, apesar de nos esforçarmos para que tudo tenha bom êxito, nem sempre conseguimos reverter à situação. Porém, sempre vale a pena procurar remediar os fatos e, por pior que o saldo final possa parecer, sempre sobra o aprendizado. Este aprendizado é extremamente importante, e possivelmente de tão importante e necessário, utiliza-se da lei de Murphy, para gerar as conseqüências que precisamos para aprender, porém é preocupante que raramente isso seja percebido e assimilado.
Aprendemos por inúmeras maneiras, uma vez que existem várias formas de transmitir e assimilar conhecimento, porém, nada é eficiente se não estivermos dispostos a aprender. No entanto, não podemos esquecer que aprender exige sacrifícios, renúncias que na maioria das vezes nos causam dor. Aliás, os aprendizados mais importantes na vida de uma pessoa ocorrem através da dor ou do amor, mas parece que a preferência geral é pela dor, não por masoquismo, mas por falta de percepção das oportunidades que o amor oferece. Esta equivocada “escolha” pela dor ocorre porque a porta que dá acesso ao longo corredor do amor tem a pintura desgastada pelas batalhas da vida e não parece tão atrativa quanto a outra porta que esta maquiada com as corres dos sonhos e ainda parece dar acesso a um atalho que nos conduz imediatamente à felicidade.
A opção baseada na aparência e no raciocínio imediatista nos assegura escolher a porta do atalho, mas logo nos primeiros passos percebemos que esta se reveste de um tortuoso caminho de dor, pois a verdadeira razão da vida é tornar-nos um ser melhor a cada dia, através do enfrentamento das adversidades que ela impõe, seja de ordem material, psíquica ou espiritual. O caminho a percorrer não tem atalhos nem armadilhas, pois Deus não é um sádico que nos prendeu num labirinto, Ele é sábio e nos proporciona experiências para crescermos e sempre que necessário nos submete a infinitas seqüências, até conseguirmos superar a adversidade e assimilarmos o aprendizado. Para esta caminhada dispomos da livre escolha e das características pessoais, as quais podem ser aperfeiçoadas ou adquiridas.
Assim, a revolta e a indignação diante de certos acontecimentos em nada contribuem, uma vez que imprevistos ocorrem para nos despertar e aperfeiçoar. A não aceitação apenas nos colocará novamente diante de uma sequência indesejada que só termina após efetuarmos o aprendizado. Essa enorme dor é desnecessária e perdurara durante todo o processo, mas torna-se gratificante e recompensadora assim que compreendemos, aprendemos o que necessitamos para o próprio desenvolvimento. Despertar para a dor desnecessária, fruto da persistência negativa, do orgulho, da vaidade e teimosia é algo que não tem nada a ver com capacidade intelectual, embora possa ser uma dedução lógica, mas é algo relacionado a autopercepção, a consciência de si mesmo, isto é, ao próprio desenvolvimento. Este processo é individual e solitário, no entanto só pode ser alcançado com a prática da caridade, da solidariedade e das interações com o próximo.
A verdade é que não somos vitimas de nada e nem de ninguém, somos totalmente responsáveis pelo nosso destino que é a felicidade, porém esta, segue etapas sequenciais que são pré-requisitos para que possamos desfrutá-la, afinal seja qual for o “reino dos céus" estará acessível a todos. O que nos diferencia é a distancia que ainda temos a percorrer.
Minhas batalhas com a lei de Murphy, ainda são freqüentes, mas estão cada vez mais curtas, uma vez que já acumulei experiência e força suficiente para enfrentar cada obstáculo com coragem e com alguma ponta de gratidão, pois me sinto mais feliz a cada vitória e um pouco mais distante da dor. É um processo de aprendizagem e crescimento lento, mas reconfortante e compensador, do qual, não podemos nos omitir mesmo diante de repetidas adversidades. Devemos persistir confiantes porque temos uma caminhada a fazer e um papel a desempenhar. Boa semana.
                                   
        *Lei de Murphy: "se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará”.