A aventura do jornalista bem sucedido.
Um grande cronista esportivo carioca escrevera durante décadas coluna para um grande veículo de comunicação do Rio de Janeiro. Conhecido no meio esportivo local, renunciou o seu emprego estável, sua confortável residência e foi se aventurar nos Estados Unidos da América, levando consigo mulher e filhas.
Com mais de cinqüenta anos de idade, o jornalista tentou reiniciar a vida profissional na terra de Tio Sam, colocou no mercado uma publicação segmentada para a colônia brasileira na América, que infelizmente não deu certo. Com esse resultado o nosso patrício, que gozara de grande prestigio profissional na imprensa carioca e por que não dizer no Brasil, sentira por livre e espontânea vontade o vento do leque quebrado que muitos brasileiros ou não, conheceram por força de pura necessidade.
Trabalhou como interprete, tentou ser mordomo de uma nobre família e no campo do futebol administrou uma escolinha. O nosso jornalista passou por obstáculos em terras estranhas que antes não conhecia em seu torrão natal. Parece que o nosso colega tinha ou tem tendências masoquistas, depois de desfrutar no Brasil aquilo que todos procuram, jogou no lixo o que todos desejam, para buscar o que todos gostariam de jogar no lixo.
Mas o conterrâneo narrou que como repórter entrevistou muitos brasileiros, que diferente dele, é lógico, tiveram a necessidade de comer o pão que o diabo amassou, entre eles, está a auxiliar de serviços gerais Laura dos Santos Jesus, fixou residência na América, lisa, lesa e dura, desconhecia por completo o idioma de Shakespeare e hoje está rica, sabem como? Fazendo faxina em Massachusetts.
E não para por ai não, outro exemplo de perseverança é o profissional de piscinas Carlos Conceição Trindade, que igual a Laura, fez fortuna militando o seu ofício. E tem mais, a milionária Beatriz da Assunção, que chegou na década de 1980 nos States, fez limpezas nos escritórios é hoje proprietária de uma rede de lojas em Connecticut.
Tudo isso fica mais cinza, para não dizer triste, quando o ilustre comunicador diz que os americanos do norte do continente, desconhecem a cultura e as belezas da terra de Carmem Miranda (embora essa era uma portuguesa), que tanto sucesso por lá fez, tem como hábito de nos ignorar, o pior dos castigos. E diz mais: a ignorância deles é tão assombrosa que acreditam que o nosso idioma pátrio é o espanhol. Pasmem! Escreveu que eles têm um vago conhecimento de nossa existência na superfície terrestre, e mesmo assim, só acontece em quatro em quatro anos, com o advento da Copa do Mundo. Isso porque ganhamos quase todas, se assim não fosse, eles com certeza jamais descobririam por interesse a terra brazilis.
Isso é muito duro, uma chicotada com lamina de navalha na ponta não doeria tanto como esse menosprezo do norte. Nós trabalhamos bastante, os tomamos como modelo, queremos nos assemelhar, pensamos vinte e cinco horas por dia, dos meses, dos anos, das décadas, dos séculos e ai? Para eles nos olharem com desprezo! Quando na verdade deveriam nos admirar como uma mulher de belas curvas. O que devemos fazer o Deus? Para que este quadro vazio mude?
Mas continuemos falando do ilustre comunicólogo. Como os outros irmãos emergentes, demorou, mas ele ergueu soberana a sua bandeira sob o sol da América inglesa. Toda batalha tem o seu custo e nessa não fora diferente, obteve o cobiçado green card, que lhe dá direito a viver legalmente nos EUA.
Escreveu até 2005 dois livros de pessoas famosas que relatam suas experiências na América e, pesquisou o dia-a-dia de pessoas que aceitaram humilhações em busca do sonho dourado, que com certeza na terra brazilis não conseguiria. Por que com certeza? Não existe ninguém por aqui que tenha ficado rico trabalhando de maneira humilde.
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