Se eu morrer amanhã...

Opa, calma lá. Esse texto não é uma carta de suicídio, muito menos uma promessa. Não, o título é só a pergunta que não me sai da cabeça desde ontem. Por quê? Bem, eu estou doente. Bobagem, mas é que, normalmente eu já fico muito tempo pensando na vida. Porém, como estou doente, esses pensamentos se resumem a coisas ruins, tais como doenças, morte, perdas e afins.

Mas não é esse o foco do texto. Não... O que me fez levantar do meu leito de morte e vir para a frente do computador escrever é a infinita quantidade de complementos para essa pergunta. Por exemplo: "Se eu morrer amanhã, alguém vai sentir a minha falta?"

Pergunta básica que todo o suicída em potencial já se fez. Quer dizer, às vezes a vida parece tão sem significado que nós nos apoiamos nos outros pra seguir em frente. Precisamos que terceiros sejam uma razão para continuar existindo. E esse método quase sempre funciona, por que todos temos alguém que se importa conosco. Muitas pessoas negam isso, para que se pareçam com vítimas. Mas é mentira. Todo mundo é querido por alguém. Até Hitler tinha aqueles que lhe amavam...

Mas essa pergunta é básica demais, simplista demais. É uma questão que não mexe com o sentido da nossa existência. É só uma busca por refúgio, por segurança. Existem variações desta questão fundamental que nos colocam contra a parede, fazendo-nos pensar sobre o que realmente fizemos da vida até aqui.

"Se eu morrer amanhã, teria minha vida algum motivo pra ser lembrada?" Essa já soa mais importante. Será que eu fiz alguma diferença para o mundo? Será que eu não fui só um desperdício de matéria?

A pergunta parece mais complicada, mas a resposta é uma derivação da pergunta anterior. Se eu sou querido por alguém, logo, eu serei lembrado por essas pessoas. Minha vida fez diferença sim, para estas pessoas em especial. Pensem naquele seu amigo que, depois de tomar um par de chifres da namorada, resolveu encher a cara num bar qualquer. Você lembra que apareceu por lá depois de ficar sabendo do ocorrido. Bebeu umas biritas com ele, deu alguns conselhos, serviu como psicólogo. Depois levou o pinguço até a casa dele e deixou-o lá, dormindo em segurança. Agora, imagine o que poderia ter acontecido se você não existisse. Você não somente ajudou-o psicologicamente, como também evitou que ele pudesse se envolver em um acidente. Para este cara, você fez uma grande diferença. E no seu funeral ele dirá: "poxa, tá aí o cara que passou pela fossa comigo."

Logo, a sua vida será lembrada na posteridade. Pode ser por apenas mais uma geração. Provavelmente o seu nome não ficará gravado nos anais da história. Mas isso é indiferente. Você será lembrado. Existirão pessoas que sentirão sua falta, que sentirão um vazío em suas vidas depois de te perder.

Mas vamos agora a questão que realmente vem me tirando o sono: "Se eu morrer amanhã, terei feito algo do qual me orgulhar?" Opa, agora sim ficou complicado. Se você se pergunta isso, é por que almeja fazer algo grandioso. Alguma coisa que realmente seja impressionante. Aquele ato que deixará uma marca muito maior e para uma quantidade muito maior de pessoas. Não um gesto pequeno que será lembrado com carinho por aqueles que conviveram com você, mas alguma coisa que te fará ser lembrado por muitas pessoas.

Eu sei que parece ganancioso. Mas todos somos gananciosos, é da natureza do ser humano. Nós desejamos reconhecimento. E neste ponto, esta questão se torna necessária. Você fez algo que marcará o mundo?

É complicado, pois poucas pessoas conseguem algo assim. Afinal, mudar o mundo de uma maneira grande o bastante para ser reconhecido por multidões é complexo. É até possível dizer que é mais fácil chocar milhões do que inspirar centenas.

Fazer algo bom que vá se espalhar entre as pessoas e fazê-las lembrarem de você é difícil, quase impossível. E isso poderia ser frustrante.

Poderia. Mas não será se você souber utilizar este desejo a seu favor.

Pense desta maneira: Fazer algo que mudará o mundo é uma tarefa de Hércules. Certo. Mas você ainda pode tentar, não?

Tentar apenas por tentar, sem muita pretensão. Será uma boa motivação para você, não? Fazer algo diferente, mudar algumas vidas, resolver alguns problemas. Não pode ser tão difícil, pode? Só para descontraír. Se você não conseguir, paciência. É difícil mesmo. Mas se você conseguir, mais do que o seu nome na história, você terá mudado o mundo. E brincando, levando na esportiva. Já pensou, que magnífico seria? Pois é...

Foi isso que eu percebi. Não sei se é a minha hora de morrer ou não, mas com certeza é a minha hora de começar a tentar mudar o mundo. O tabuleiro está aí, as peças também. Só falta movê-las. Pode ser que eu não consiga, o que é bem provável. Mas eu quero pelo menos ter tentado. Para que um dia, depois de morrer, eu possa olhar lá do paraíso para a Terra e ver que alguém escreveu na minha lápide:

"Rafael Messagi Guatimosim

07/06/1990 - xx/xx/xxxx

O cara que tentou mudar o mundo e falhou miseravelmente."

Já seria um ótimo prêmio de consolação.