A (Há) logica na vida
Sempre fui apaixonado pela matemática. Cresci entre números, fórmulas e equações das mais complexas. Fascina-me a capacidade que ela tem de ser indiscutível, definitiva. Não importa se um ditador discorda, se o presidente não quer ou se um bandido armado faz cara feia. Dois mais dois serão sempre quatro e ponto.
Uma afirmação, porém, sempre me indignou. Unânime é a idéia de que a matemática é apenas uma ciência exata, fria como seus números. Será mesmo? Suponhamos que ao andar por uma rua você se depara com uma praça. Nela, três pessoas agem distintamente. Para discerni-las, as chamaremos de X, Y e Z. Primeiro, observando X, você nota que ela procura alguém que sabe que não está mais ali. Tamanho desperdício de tempo. Loucura? Esquizofrenia? Pode ser. Em seguida, você encontra Y, sentada em um banco, olhando para o vazio, suspirando e derramando discretas lágrimas. Tristeza? Talvez. Por último, ao deparar-se com Z, você percebe que a mesma anda com um sorriso no canto da boca e com um pensamento tão distante quanto seu olhar. Que lugar estranho!
Agora suponhamos que X é igual a Y que é igual a Z, isto é, que todo o tempo tratava-se de uma única pessoa. Então temos alguém que pensava em outra pessoa que se foi, que chorava sentindo sua falta, e que se alegrava ao recordar-se de momentos passados ao seu lado. O resultado? Saudade! Com uma pequena adaptação aritmética conseguimos alterar a lógica dos fatos. Sim, há lógica na vida. Obviamente, o ser humano é complexo demais para que apenas uma ciência o possa definir. O que apenas quis provar é que a matemática não é tão fria, que tem sim o seu lado humano. Coisa de apaixonado.