UM SANTO OCULISTA
UM SANTO OCULISTA
Está é uma narrativa verdadeira ocorrida no ano de 1959. Quando o advento da juventude sinalizava-me o ocaso da minha adolescência.
Caberá ao leitor definir de acordo com sua concepção, se o fato ocorrido foi um milagre, ou um fantástico capricho do acaso.
Desde criança tive meu dever para com o trabalho. Uma das minhas obrigações era vistoriar diariamente os atoleiros existentes às margens do Rio Picão. Uma vigilância mantida com a finalidade de evitar a possível perda do gado atolado nos bebedouros.
Certo dia ao cumprir aquele roteiro, deparei-me com um grupo de guris, pescando no Rio, dentre eles os filhos da Nina Purí, viúva, costureira que lutava com muita dignidade na criação dos filhos.
Um deles, o mais velho, de nome Longuinho usava óculos, por sinal, adquirido com grande sacrifício pela mãe. Eis que de repente seus óculos caíram dentro do Rio.O garoto ficou desesperado com a situação. Embora o Rio seja pequeno seu volume de água é bem significativo. Na época a diversão mais acessível para meus colegas e eu, era a natação, fator que nos tornou muito íntimos com o fundo do Rio. Proporcionando-nos, bastante prática. Acostumado a vasculhar seu fundo, e diante do desespero do garoto, mergulhei várias vezes, mas o Máximo que consegui foi alguns pedaços de madeira e uma cumbuca usada como minhoqueiro, cheia de areia.
Em pranto ele afirmou: - vou colocar uma moeda que ganhei de meu padrinho nos pés de Santo Antonio, e ele vai me devolver meus óculos. Zombando eu disse-lhe:- eu sempre soube Santo Antônio, ser um bom casamenteiro, oculista eu não sabia! – Se Deus quiser eu tenho muita fé, e ele sabe como foi difícil a minha mãe conseguir dinheiro para adquirir meus óculos. Ele vai me devolvê-lo!
–Garoto pode tirar seu cavalinho da chuva, então você acha que, com tantos problemas para resolver um Santo vai se preocupar logo com um simples óculos!
- Vou ver, eu tenho fé!
Os guris se foram, e eu continuei minha rotina. Todas as tardes eu passava pelo local sempre lembrando, do garoto e o seu desespero. Havia decorrido certo tempo, passando pelo local encontrei um militar pescando de tarrafa, no exato lugar do ocorrido, solicitei a ele, jogá-la um pouco mais a sua direita, E qual não foi à surpresa, ao retirá-la lá estavam os óculos presos a ela. Contei-lhe a história do garoto e as dificuldades pelas quais passava a mãe, mas ele foi taxativo. Só entregaria o objeto mediante recompensa. Argumentei de todas as formas, mas ele irredutível disse que sem recompensa nada feito.
Diante da situação fui obrigado armar uma estratégia, dizendo-lhe: - não há problema nenhum, meu pai, é amigo do comandante do 7º batalhão; ontem mesmo ele esteve La em casa buscando algumas laranjas, vou levar ao seu conhecimento através de meu pai, e assim solucionamos o problema! Assustado ele retrucou: -que isso menino! Estou apenas brincando, pode levá-lo tenho muito prazer em ajudar a pobre viúva!
Chegando a casa, por coincidência, lá estavam, o Longuinho e seu dois irmãos, na varanda do engenho, onde fabricávamos rapaduras. Quando entreguei o objeto, foi emocionante, seus olhos tinha um brilho de felicidade que jamais vi em toda aminha vida. Pulou, deu viva a Santo Antonio, ajoelhou, louvou a Deus... E exclamou: - você está vendo... Duvidou de minha fé, e Deus te mostrou, fez questão que fosse você a me devolver meu s óculos. Agora vou tirar a moeda dos pés do santo e levá-la para o cofre da igreja!
Este fato, daria um conto dos mais pitorescos, caso eu quisesse distorcê-lo, fugindo da realidade, como alguns incrédulos que já me questionaram se não teria o encontrado sendo usado por um peixe.
O fato é que, para mim, foi uma boa lição!
UM SANTO OCULISTA
Está é uma narrativa verdadeira ocorrida no ano de 1959. Quando o advento da juventude sinalizava-me o ocaso da minha adolescência.
Caberá ao leitor definir de acordo com sua concepção, se o fato ocorrido foi um milagre, ou um fantástico capricho do acaso.
Desde criança tive meu dever para com o trabalho. Uma das minhas obrigações era vistoriar diariamente os atoleiros existentes às margens do Rio Picão. Uma vigilância mantida com a finalidade de evitar a possível perda do gado atolado nos bebedouros.
Certo dia ao cumprir aquele roteiro, deparei-me com um grupo de guris, pescando no Rio, dentre eles os filhos da Nina Purí, viúva, costureira que lutava com muita dignidade na criação dos filhos.
Um deles, o mais velho, de nome Longuinho usava óculos, por sinal, adquirido com grande sacrifício pela mãe. Eis que de repente seus óculos caíram dentro do Rio.O garoto ficou desesperado com a situação. Embora o Rio seja pequeno seu volume de água é bem significativo. Na época a diversão mais acessível para meus colegas e eu, era a natação, fator que nos tornou muito íntimos com o fundo do Rio. Proporcionando-nos, bastante prática. Acostumado a vasculhar seu fundo, e diante do desespero do garoto, mergulhei várias vezes, mas o Máximo que consegui foi alguns pedaços de madeira e uma cumbuca usada como minhoqueiro, cheia de areia.
Em pranto ele afirmou: - vou colocar uma moeda que ganhei de meu padrinho nos pés de Santo Antonio, e ele vai me devolver meus óculos. Zombando eu disse-lhe:- eu sempre soube Santo Antônio, ser um bom casamenteiro, oculista eu não sabia! – Se Deus quiser eu tenho muita fé, e ele sabe como foi difícil a minha mãe conseguir dinheiro para adquirir meus óculos. Ele vai me devolvê-lo!
–Garoto pode tirar seu cavalinho da chuva, então você acha que, com tantos problemas para resolver um Santo vai se preocupar logo com um simples óculos!
- Vou ver, eu tenho fé!
Os guris se foram, e eu continuei minha rotina. Todas as tardes eu passava pelo local sempre lembrando, do garoto e o seu desespero. Havia decorrido certo tempo, passando pelo local encontrei um militar pescando de tarrafa, no exato lugar do ocorrido, solicitei a ele, jogá-la um pouco mais a sua direita, E qual não foi à surpresa, ao retirá-la lá estavam os óculos presos a ela. Contei-lhe a história do garoto e as dificuldades pelas quais passava a mãe, mas ele foi taxativo. Só entregaria o objeto mediante recompensa. Argumentei de todas as formas, mas ele irredutível disse que sem recompensa nada feito.
Diante da situação fui obrigado armar uma estratégia, dizendo-lhe: - não há problema nenhum, meu pai, é amigo do comandante do 7º batalhão; ontem mesmo ele esteve La em casa buscando algumas laranjas, vou levar ao seu conhecimento através de meu pai, e assim solucionamos o problema! Assustado ele retrucou: -que isso menino! Estou apenas brincando, pode levá-lo tenho muito prazer em ajudar a pobre viúva!
Chegando a casa, por coincidência, lá estavam, o Longuinho e seu dois irmãos, na varanda do engenho, onde fabricávamos rapaduras. Quando entreguei o objeto, foi emocionante, seus olhos tinha um brilho de felicidade que jamais vi em toda aminha vida. Pulou, deu viva a Santo Antonio, ajoelhou, louvou a Deus... E exclamou: - você está vendo... Duvidou de minha fé, e Deus te mostrou, fez questão que fosse você a me devolver meu s óculos. Agora vou tirar a moeda dos pés do santo e levá-la para o cofre da igreja!
Este fato, daria um conto dos mais pitorescos, caso eu quisesse distorcê-lo, fugindo da realidade, como alguns incrédulos que já me questionaram se não teria o encontrado sendo usado por um peixe.
O fato é que, para mim, foi uma boa lição!