Águas e a Poesia -a que se canta e a que se vive...
Hoje é Dia Nacional da Poesia...
Permito-me vagar em reminiscentes águas poéticas e transitar pela Poesia, a que se canta e a que se vive...
Ah, se lembrassémos da infância inventada como menciona o Poeta Mário Quintana, em sua obra Sapato Florido ... Quem já não sonhou riachos no fundo do quintal? Quando menina desejei ter sido trocada por uma prima que vivia no interior, ela sim possuía tais tesouros à mão e vista. Todas manhãs poderia, se assim quisesse, ter ido banhar-se em límpidas águas, colher da relva a Poesia, mascar lentamente o hortelã que vento semeia na terra logo que esta desperta...Um barco teria tido pronto à partida se ela eu fosse. A prima como eu, tornou-se professora, mas a a mim restou construir minha nau e lutar pelos sonhos através de versos sem fim, larguei o magistério logo cedo, que ela levou adiante assim como maternidade, matrimônio e diretoria de escola mas e a Poesia ? Soube que bem vive em sua terra natal que o arroio é conservado, que curte com os seus , nos finais de semana as nobrezas que preciso ainda muito navegar para contemplar. Realizei sonhos de viver em ilhas, conhecer o Planalto Central, a Chapada dos Guimarães, terras indígenas, rincões, caatinga, lagoas , a Cidade Maravilhosa e, das águas além mar sorvi algo bom... No mar da internet conheci Vâninha Moreira Diniz, que veio substituir minhas primas queridas e, de Poesia vestiu-se minha vida a partir do nosso encontro, a quase uma década.
Ontem uma paciente contou-me um sonho bonito; estava em seu barco azul enfrentando corajosamente guinadas, apesar de quase um anel ter perdido...
Ah, trocaria todos tesouros da terra por entre as brumas, em sonho colorido ter renascido, com uma cabeleira de algas e, que ousasse nelas perder-se algum Poeta , este que delicadamente então. entre páginas de sua vida e versos, medeixas minhas guardaria...
Devaneio à parte, pergunto-me; quais são as infâncias inventadas de hoje, o que habita os corações das meninas ? Em seu imaginário ainda existe riachos, cantigas de alvoreceres entre as flores e, o desejo de um barco possuir para sair dos confortáveis shopings centers ? Por Poetas suspiram ? E os meninos ainda desejam pescar futuros em estrelas marinhas, navegam em barcos sem fundo para mirar constelações ?
Ando desatualizada... Mas creio que enquanto houverem mestras como minhas primas,( sua irmã também apesar de aposentada continua a prestar serviços às escolas locais e a comunidade ), mulheres modernas guerreias, que não se deixaram seduzir pelas maravilhas das megalópolis , a Poesia ingênua , aquela que canta as belezas naturais resistirá e, no seio da terra nem todas infâncias mais belas serão só as inventadas , haverá memória a ser poetizada ... - Um pouco do possível senão sufoco - deleuze -
Pois é amanhã aniversaria a Poetisa Vâninha M.Diniz ( ver singela hoemnagem no álbum de fotos aqui )que entre as amigas da idade adulta , está na minha lista de esperanças de que a literatura iniciará ainda e sempre através dos versos...
Saindo da Prosa e adentrando à magia passo a seguir , estrofes do Poeta Arthur Rimbaud, extraídas de sua obra Barco ébrio- Bateau ivre, aproveitando para celebrar junto ao Dia Nascional da Poesia o dia de nascimento deste Poeta ocorrido num 20 de outubro também., deesejando ardentemente ,que hajam Poetas, águas e apreciadores da Poesia não sómente em datas especiais, mas que dela
sirvamo-nos em abundância pois que a linguagem poética é a que mais aproxima os corações humanos; através dela a humanidade fala !
(...) Vislumbrei siderais arquipélagos! ilhas
De delirantes céus se abrindo ao vogador:
- Nessas noites sem fundo é que dormes e brilhas,
Ó Milhão de aves de ouro, ó futuro Vigor? –
Certo, chorei demais! As albas são cruciantes.
Amargo é todo sol e atroz é todo luar!
Agre amor embebeu-me em torpores ebriantes:
Que minha quilha estale! e que eu jaza no mar!
Se há na Europa uma água a que eu aspire, é a mansa,
Fria e escura poça, ao crepúsculo em desmaio,
A que um menino chega e tristemente lança
Um barco frágil como a borboleta em maio.(...)-
-A. Rimbaud -20 outubro 1854, Charleville 10 de novembro 1891, Marselha-