CHUVAR
O dia escureceu, as nuvens pesadas começaram a tilintar, desce raio, sobe raio, conto três, eu conto quatro e lá vem o trovejar. As torneiras do céu se abriram e na Terra faz chuá, chuá; outra chuva de verão em plena primavera: lava água, leva água, encheu de novo a marginal, carro vira barco, rua vira rio, onde Deus eu vou parar?
Esqueci o meu guarda-chuva, vou tomar banho de água e ar; mas enquanto eu caio na dança do chuvar, outros tantos estão chorando com medo de se molhar. É chuva na cidade grande, ilha sendo coberta pelo mar; esgotos transbordando, avenidas são riachos com navios a passar; e nessa praça que é ilha, vejo uma menina rezando: valei-me Nossa Senhora!
- O que eu tenho a ver com isso? – diz a Mamãe Divina – Sempre choveu, sempre choverá; são os ciclos da natureza. Se há esgotos entupidos, se os córregos estão sujos, não é castigo divino; é falta de educação, meu filho, olha ai esse papel no chão!
Frank Oliveira
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