Os gatos também são babalorixás
Na fila do mercado há pouco tempo à espera de ser atendido no setor de carnes, fui comprar dois quilos de alcatra, enquanto não fui atendido fiquei escutando uma porção de baboseiras, contra a vontade: as famosas histórias que o povo conta.
Veja vocês, estamos no iniciozinho do século XXI e isso nos mostra que é difícil às pessoas acompanharem a evolução dos tempos, parecem que são histórias ou contos que passam de pai para filhos e assim vai, em geração a geração.
Pois bem, duas mulheres (sempre mulheres) conversavam entre si, elas tinham duas coisas em comuns: eram criadoras de gatos. Diziam que os bichanos eram carinhosos, não davam trabalhos, só gostavam da casa, que tinham cuidados com os pelos dos animais e todas aquelas coisas que já conhecemos quando o assunto é o felino doméstico.
Tudo bem! Só que nesse dia, no mercado através delas, eu conheci um atributo desse animal que desconhecia por completo e acredito que muitos leitores também iguais a mim ignoram esse poder. Tricotavam elas que o bicho de sete fôlegos é também bruxo e, por que não dizer que é um grande babalorixá. É isso mesmo leitor, para aqueles que não sabem, respeitem os gatos, pois atribuíram a ele mais esse poder.
Papeavam as duas que aonde os bichanos deitam é porque o lugar está supostamente carregado, se pedir para sair, ele se nega. Então, segundo suas crenças é melhor não tirar o dito cujo deste lugar, pois o pai de santo, digo, o felino, está descarregando o espaço. E não pararam por ai não, disseram mais coisas, como se a casa acalentar fluídos negativos, essas cargas se dirigirão aos bichanos como se eles fossem imãs e, se tiver de alguém para morrer nesse lar, quem vai para a eternidade nesse caso é o babalorixá, perdão! Digo, o gato.
Quando eu escutei isso fiquei estarrecido. Não acreditei minha gente! Que morasse no Rio de Janeiro. Quantas coisas absurdas ainda escutamos numa metrópole desenvolvida, onde se diz aos quatro ventos que somos uma cidade Olímpica e será sede da próxima Copa do Mundo.
A cultura de um povo é ótima, mas quando é opulenta, educativa e progressista, mas quando há capítulos atardados enraizados que não condiz com um povo que sonha ser de primeiro mundo, fica muito difícil à gente acreditar nessa sociedade como um todo, vê-la como um espelho de desenvolvimento futuro.