Tudo De Novo, Nada Novo.
Se somos todos artistas no palco da vida, então Deus é o diretor que gosta de ver as mesmas cenas com personagens diferentes.
Tenho uma nova amiga muito estranha, ela se parece comigo em muitas coisas, acho que a trajetória de vida é o fator determinante pra tal similaridade. As noites em que fazemos do quarto uma sala escura, e dos pijamas roupas de gala em estréias de cinema a estilo anos 30, modestamente nos indicamos, e ganhamos o Oscar de "melhor atriz" da vida real em drama, é claro com muita comédia.
No ultimo fim de semana colocamos pra rodar o filme da infância e lembramos as tristezas de crescer sem muita coisa, além de sonhos da Disney, da Barbie e das botinhas cor de rosa da Xuxa. Eu acordava cedo, ia pra escola na chuva, sem as botinhas da Xuxa. Ganhei uma viagem para Guarujá quando pedi uma pra Disney, e minha Barbie era uma tal de Barbeli com cabelo ruivo. Só isso, era o suficiente pra todo o drama do meu mundo infantil. Passei pela infância sem perceber direito as enchentes que arrasavam nossa casa em São Paulo, achava graça na cama boiando. Não me dei conta que meu pai nunca estava presente; não porque eu tinha derrubado suco na camisa nova dele no fim de semana, mas porque seus dois empregos roubavam todo o tempo, e camisa nova era luxo.
O filme se repete, várias garotinhas que não cresceram nos anos 80 e 90 ainda estão fazendo drama infantil, onde o mundo desaba mais fácil que castelo de cartas. Estranhamente os reais problemas passam desapercebidos. Agora ainda tem a influencia das novelas teens, onde as heroínas continuam sendo mocinhas sofredoras, com problemas nada reais no mundo fictício do real drama.
Depois que agente cresce desencana de alguns dramas, cria outros mais bacanas. Vai e volta tudo de novo, e nada novo. A vida imitando a arte, a arte a vida, e os flashbacks de outros tempos, sempre são os registros de momentos que mostram os dramas vencidos na vida.