LIBERDADE É ESTAR-SE PRESO POR VONTADE

Curtindo minha fase inspiradora musical e poética, numa espécie de mescla em relação ao que estou vivendo, sinto-me à vontade para “enfiar o dedo em minha própria ferida” e falar sobre a coisa que mais prezo na vida: LIBERDADE!

E por falar na bendita, como boa sagitariana, fiel aos meus princípios e sentimentos, sempre defendi a bandeira da liberdade (não confundir com libertinagem!) e hoje decidi compará-la ao amor. Desde a adolescência, meu lema escolhido é um pensamento cujo autor desconheço, mas que retrata muito bem minha própria filosofia de vida: “Amo a liberdade, portanto tudo o que amo deixo livre; se voltarem é porque um dia conquistei, se não é porque nunca tive”. Sou assim mesmo: confusa, enigmática e controvérsia. Por isso é que cito o Poeta Luís Vaz de Camões, cuja lírica camoniana, em seu soneto nº 5, “Amor é fogo que arde sem se ver”, com o qual me identifico tanto e que até serviu de inspiração a uma das maiores bandas que conheço, a Legião Urbana, em “Monte Castelo”: Amor é um fogo que arde sem se ver/

é ferida que dói, e não se sente;/ é um contentamento descontente,/ é dor que desatina sem doer./É um não querer mais que bem querer;/é um andar solitário entre a gente;/ é nunca contentar se de contente;/é um cuidar que ganha em se perder./É querer estar preso por vontade;/ é servir a quem vence, o vencedor;/é ter com quem nos mata, lealdade./Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade,/ se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Ah, o amor! Esse é um dos sentimentos humanos que atravessou séculos e gerações e que, graças a Deus, foi capaz de sobreviver ao longo do processo evolutivo da sociedade, embora possa ser confundido muitas vezes com paixão e desejo. E são várias as formas de amor: o a Deus, o paterno, materno, fraternal, carnal, filial e por aí vai. E cabe aqui esclarecer a questão do apego. Não tem absolutamente nada a ver com amor. Hoje eu estava pensando em amor e liberdade... Parecem opostas, mas na verdade são extremas, cuja segregação inexiste, pois há uma linha muito tênue e invisível que as liga. Neste momento, estou iniciando vários processos de mudança em minha vida: mudança de apartamento, de condição civil e de outras que estão em fase de construção. Organizando meus objetos pessoais, iniciei uma verdadeira faxina material e sentimental; Decidi jogar fora tudo aquilo que acumulei ao longo de minha existência e que confesso, de nada me serve a não ser ocupar espaços e impedir o novo de entrar. Estou revendo conceitos e me adaptando às mudanças significativas que estão por vir. E o melhor de tudo: que estou deixando entrar.

Quando me abri e aceitei a maternidade, desde o princípio eu sabia que essa seria a maior forma de amor que poderia experimentar em toda a minha vida. Abri mão da liberdade de morar sozinha, me preocupar com a forma física e com dores indesejáveis. Resolvi me desfazer de objetos pessoais e de alguns planos para dar lugar a esse serzinho que concebi e que cresce a cada dia dentro de mim. E sabem o que é mais contraditório? É que sei que ele é e ao mesmo tempo não é meu. Certamente dependerá de mim em seus primeiros anos de vida, mas terá aspirações e desejos pessoais, em que eu como mãe e defensora da liberdade, terei que aceitar. Minha parte será educá-lo e orientá-lo a ser uma pessoa decente, honesta e de bom caráter e princípios. Mas ele será unicamente o responsável pelas escolhas que fizer.

Meu conceito de vida agora une os dois extremos que ligam e ao mesmo tempo separam a LIBERDADE e o AMOR. Como Renato Russo já afirmava em uma de suas canções: “(...) O que eu mais queria era provar pra todo mundo, que eu não precisava provar nada pra ninguém!” Ah, em tempo: Estou presa (e livre) por vontade!

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 20/10/2009
Código do texto: T1876696
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