QUE MICO!
A violência é crescente em todos os lugares e precisamos estar atentos, não se revestindo, claro, da síndrome do pânico, mas nos precavendo no que for possível.
Quarta-feira da semana passada, estávamos retornando da academia, eu e minha filha, por volta das 21h00, quando já nos encaminhávamos para acessar nossa rua, percebi que uma moto nos seguia. Assim, reduzi a velocidade e deixei que seu condutor se decidisse que direção tomaria. Confesso que o medo foi instantâneo, pois diante dos últimos noticiários, é assustador o número de assaltos, quando o condutor do veículo para no portão de casa. Inclusive, conheço algumas pessoas que foram vítimas. Falei para a minha filha, da apreensão que eu estava sentindo.
Ela, muito corajosa, pois não tem experiência de vida, devido a sua pouca idade, como também é muito crente, falou: mãe quem tem Deus no coração não deve temer a nada.
E eu lhe respondi: crença eu tenho, mas sei que devemos fazer nossa parte de prevenção, portanto, vou devagar e observar aonde esta moto vai. Se ela parar, vou passar rapidamente.
Fui lentamente, e quando já estava quase em frente ao meu portão, aumentando mais o meu temor, o motoqueiro acelerou e subiu a calçada de minha vizinha; estacionou bem ao lado do meu portão.
Não tive dúvidas, acelerei e passei direto. Contornei o quarteirão e fiz o sentido contrário. Parar em casa, com todo o medo que eu estava só se fosse morta. E, eu ainda estava bem viva e queria continuar por mais alguns anos. Convergi à minha rua novamente e fui dirigindo bem devagar, observando todos os ângulos; quando avistei a minha casa, observei que a moto estava dando partida. Aguardei. O motoqueiro entrou noutra rua. Agradeci a Deus, e liguei para o meu filho que estava em casa. Pedi que ele me desse cobertura no portão, pois eu estava com medo. Quando terminei de falar com ele, fui dando a partida, para meu assombro, já vi a moto novamente em minha frente, quase paralisei.
Estava com o vidro semiaberto, acionei imediatamente o botão; antes que o vidro terminasse de subir, a moto parou bem do meu lado. Falei para minha filha: pronto, é agora. Está confirmada a perseguição. Ele deve querer o carro. Vou entregar.
E ela falou: estou achando essa moto parecida com a do meu tio.
Diante do meu pavor, ouvi uma voz abafada, a perguntar: mulher, você está com medo de mim?
Balbuciei: como não haveria de estar. Claro que estou. Não o conheço.
O motoqueiro levantou o capacete e começou a rir.
Só então pude perceber que era o meu irmão. Não agüentei, comecei também a rir do “mico” ou “gorilão”, que acabara de cometer.
O coração ainda estava descompassado e as mãos trêmulas.
Retornamos ao portão, este já estava aberto a me esperar. Guardei o carro e fui me desculpar com o meu irmão, por não o ter reconhecido. Convidei a entrar, mas este não aceitou, estava com pressa; já havia perdido alguns minutos com todo esse mal entendido. Tinha vindo apenas deixar um convite, e sem querer, quase provocara um infarto à irmãzinha mais velha.
Por mais que conhecemos alguém, que sejamos brincalhões, devemos nos identificar cuidadosamente, em tempo certo, para não gerar ocorrências desse tipo, ou até pior, em alguns casos.