ADELÁIDE

O rosto de Adeláide ficava rubro toda vez que ELE aparecia; se ao menos o conhecesse... se ao menos soubesse quem era, aonde morava... mas de nada sabia dele, só sabia que se apaixonara por aquele rapaz que todo final de semana passava em frente à sua casa. Esse amor platônico estava lhe tirando o sono das noites e a diversão do dia, ela não conseguia pensar em outra coisa, só no sorriso DELE, no seu jeito... se ele ao menos a olhasse...mas ELE passava distraído, com uma expressão leve e tranquila. Que olhos... que rosto...

Adeláide sonhava dia e noite e matutava um jeito de falar com ele, porém a timidez impedia qualquer aproximação; ela sabia os dias e horários que ELE passava e nada a impedia de ficar na janela só para vê-lo passar. Adeláide tinha dezesseis anos, idade a qual a paixão é o combustível da felicidade. Desde a primeira vez que ela o vira, havia se apaixonado perdidamente. Suas amigas no colégio não mais aguentavam ouvir aquela história todos os dias; de como ele estava vestido, seu jeito e seu modo de andar. E assim passaram-se alguns meses, até que Adeláide entrou de férias, aquele fato a animou muito, pois sem dúvida conseguiria encontrar com ELE, já que poderia ficar o dia inteiro na rua com as amigas. Porém ELE não apareceu mais, Adeláide ficava todos os dias a sua espera, e ELE não aparecia; esse fato a deixou extremamente angustiada e triste, todos notaram sua tristeza, e ninguém sabia o que estava acontecendo a Adeláide, somente suas três amigas as quais Adeláide tinha grande afinidade e apreço. Assim passaram-se os dias, as semanas... e nada daquele rapaz que roubara o jovem coração de Adeláide. Adeláide já não era mais a mesma, não comia direito, não queria sair, só permanecia calada e esperançosa naquela janela a esperar seu amado passar. Sua mãe estava muito preocupada com ela, já que sua filha jamais se comportou assim, e mesmo insistindo em saber o que havia acontecido, Adeláide não dizia, sofria calada. Suas amigas tentavam animá-la de todas as maneiras, porém sem êxito, o jeito era esperar.

Quando voltaram as aulas Adeláide estava mais animada, pois tinha esperança que ELE reaparecesse; no primeiro final de semana após a volta as aulas, Adeláide comprou roupas novas, arrumou os cabelos, fez maquiagem... estava belíssima. E prometeu à si mesma que apesar da timidez iria dar o primeiro passo e falar com ele, pois não queria correr o risco de um novo desaparecimento. No sábado como de costume, Adeláide sentou a janela e esperou; esperou... esperou... esperou... no dia seguinte, ela continuou esperando, porém nada; ele desaparecera sem deixar pista, e o que era pior, levando o coração de Adeláide. Adeláide emudecera, porém prometeu à si mesma que o esqueceria, colocou em sua cabeça que não iria mais pensar nele e muito menos permanecer naquela janela esperando-o passar, sabia o quanto seria difícil esquecê-lo, porém não via outra saída. Uma semana depois, em meio à conversas na sala de aula, o coordenador do colégio entrou para dar um recado; disse que o professor de matemática adoecera e outro ficaria em seu lugar. A turma se entreolhou e Adeláide sentiu-se feliz pois não gostava de matemática e não gostava da aula daquele professor tão rígido. Adeláide torceu para que o novo professor fosse melhor que aquele, mas, e se fosse pior? Ao ouvir o nome do novo professor, o receio aumentou, era nome de gente mais velha e portanto devia ser rígido também; Ariovaldo Coelho. Quando esse novo professor entrou, Adeláide só faltou cair da cadeira, era ninguém mais, ninguém menos, que seu melhor amigo de infância que não via há anos. Não sabia que o nome dele era Ariovaldo, pois todos sempre o chamavam de Ari; ele residia na rua de Adeláide e os dois sempre foram muito amigos, porém, quando os pais de Ari se separaram Ari se mudou com sua mãe e eles nunca mais se viram; foi uma surpresa para Adeláide vê-lo como professor de matemática. Ele beirava seus vinte três anos de idade, e portanto não devia ser tão rígido; ele, por sua vez, reconheceu prontamente Adeláide e, após o término da aula, os dois conversaram bastante. Ari levou-a em casa e a convidou para almoçar no domingo em sua casa que ficava na rua atrás onde Adeláide morava, Adeláide aceitou e esperou ansiosa, afinal nutria grande apreço por aquele grande amigo.

No domingo, Adeláide se arrumou e foi para a casa de Ari, ao chegar, levou um susto e teria caído se não tivesse se amparado na parede, suas pernas bambearam e seu coração saltitava, lá estava ELE, sentado no sofá da casa de Ari. ELE levantou-se e foi a direção dela, cumprimentou-a e fê-la sentar no sofá. Adeláide tentava disfarçar o nervosismo, porém era-lhe difícil, principalmente quando ELE começou a falar.

___Olá, meu nome é Eduardo, e qual é o seu?

___Adeláide. Disse ela, em um fiapo de voz.

___Muito prazer,Adeláide. Disse ele sorridente.

___O prazer é todinho meu. Disse ela tentando disfarçar a voz embargada.

Os dois continuaram conversando e ela descobriu que ele não morava ali, mas vinha todo final de semana visitar o pai, e quando o pai adoeceu e foi internado em um hospital, ele parou de passar por ali, e agora que o pai voltara, ele ficará morando ali por tempo indeterminado para ajudar o pai. Adeláide estava extremamente feliz, reencontrara o amor de sua vida, seu amor platônico; e ainda reecontrou um velho amigo cuja vida havia os separado. Ela e Eduardo começaram a namorar e Ari sentia-se muito feliz por ter feito, ainda que indiretamente, o encontro dos dois.

Essa história nos prova que nada é por acaso e tudo acontece quando chega a hora certa de acontecer. A vida sempre dá um jeito de nos trazer tudo aquilo que é nosso, seja na área sentimental, profissional, familiar.. enfim, tudo que nos envolve. Tudo é certo, não há sofrimento e alegria sem razão.

Mariana Calçada(mariana_clg@hotmail.com)

Mariana Calçada
Enviado por Mariana Calçada em 19/10/2009
Código do texto: T1875290
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