A verdade segundo Paulo Francis.

Brasileiro é um povo besta do cacete.

"Se inclua nisso" diz o Rex, dinossauro que mora na minha cabeça, com sua sobrancelha inglesa levantada.

- Me incluo desde já, Rex!

Nestante eu estava emocionada com a casa que o Gugu da Record entregou pra um cidadão.

Agora pensem comigo: por que o Gugu dá casas?

Porque ele é bonzinho? Porque ele é rico?

Não tenho nada contra ele dar uma casa por semana, aliás, acho digno. Mas, não será por bonzinho e nem por rico. Ele, aliás, a Record dá casa por que lhe sobra uma grana altíssima, deve dar desconto considerável no Imposto de Renda, além de lhes render um Ibope enorme.

Fazem uma casa de um luxo moderado e entregam pra um cidadão emocionado até as lágrimas, que eles mostram com detalhes milimétricos.

É evidente que fazem um bem. Que dão um alívio à criatura, disso não duvido.

O que me incomoda é o fato de que desligadas as câmeras, todo mundo feliz, a gente esquece que o tráfico faz milhares de vítimas, que não tem emprego pra essa porrada de adolescentes que margeiam a classe A, que policial e professor são tratados como lixo, que famílias estão morrendo de fome, que não existe nenhuma política séria de controle de natalidade, que amahã de manhã mesmo alguém vai ser morto e virar estatística, que vai ter gente com fome, que vai ter gente sem emprego, que vai ter gente sem atendimento médico...enfim...que o Brasil continua do mesmo jeito, "tudo será como dantes no quartel de abrantes" como diria minha avó, pragmaticamente.

Eu sou pessimista convicta; Paulo Francis, um gênio incompreendido do jornalismo nacional, diria:"TODO OTIMISTA É UM MAL INFORMADO OU UM BURRO".

Nem adianta me mostrar um balde de merda e esperar que eu procure o cavalo. Não vai rolar, estou avisando. Pra mim, merda é merda e ponto final. E o Brasil anda uma merda, desde que eu me entendo de gente; não me convencem o "para todos" e outros slogans...eu sou de Alagoas, terra do Collor, e vi o danado se abraçando com o Lula, ou vice versa, sei lá. Quem diabo sabe?

Dá pra ser otimista? Dá não, visse?

Talvez eu virasse otimista, se eu visse rico ganhando menos, preocupado com a distribuição de renda, com a fortuna gerando emprego. Ou se realmente houvesse uma campanha de vasectomização pra essa porrada de vagabundo que faz um filho em duas mulheres por ano e não se responsabiliza por nenhum. Ou ainda se eu soubesse que cada um que tem um usuário de drogas em casa amarrou o desgraçado na árvore ou na jaula, até deixar o vício, pra não contribuir com o tráfico (se ninguém comprasse geladeira, não tinha mais fábrica produzindo...o tráfico, para o traficante é um negócio: tem quem compre, ele vende) ou ainda se preocupasse que o vício dele vai matar dezenas de pessoas por ano.

Enfim...eu me tornaria otimista se visse uma ação. não vejo, portanto, não sou. Mas, estou aqui vivendo, pagando imposto, taxa, juros de dívidas que nem sequer sei quais são...pagando pra nascer, viver e morrer, só por que ainda não conseguiram taxar o ar que respiramos, o que será feito em breve, quando os poluentes exigirem que cada um carregue seu próprio oxigênio.

O Rex avisa que esse não é um bom lugar para falar isso.

E eu te pergunto, dinossauro, onde seria?