O NOSSO AMOR A GENTE INVENTA
Hoje acordei com uma música em meu pensamento e por mais que tentasse pensar em outras coisas, lá estava ela, ecoando na minha cabeça. Um “salve” ao nosso poeta Cazuza, que já partiu dessa para outra melhor e que, dentre tantas composições, nos deixou verdadeiras preciosidades que se pudéssemos rotular, diríamos que foi feita especialmente para nós.
Pois é, resolvi tomar emprestada para mim a música “O nosso amor a gente inventa”, cuja letra diz mais ou menos assim: “O teu amor é uma mentira/ que a minha vaidade quer/E o meu, poesia de cego/ Você não pode ver/ Não pode ver que no meu mundo/ Um troço qualquer morreu/ Num corte lento e profundo/ Entre você e eu/ O nosso amor a gente inventa/ Pra se distrair/ E quando acaba a gente pensa/ Que ele nunca existiu”(...) Quem nunca se sentiu motivado por uma nova paixão? Quem nunca desejou e até rezou a Deus, pedindo para encontrar a cara metade? Pois é... duvido que algum ser humano, em algum momento da vida não tenha por alguém se apaixonado, idealizado e até se decepcionado por julgar que aquele seria o alguém ideal. Alguns têm um dedo podre para as escolhas que fazem, outros sonham tanto com a pessoa que imaginam ser perfeita que quando constatam que não corresponde a todos os seus desejos – sim, as pessoas possuem vontade própria – se decepcionam e partem para outras conquistas. Sempre em busca de ilusão, é claro, pois o ser humano é falível e, portanto, passivo de erro.
Gosto muito de uma história sobre um homem que rodou o mundo em busca da mulher ideal, que reunisse todas as características que ele julgava essenciais para eleger uma dona para o seu coração. Diz que ele voltou para o antigo lar após muitos anos e que, ao encontrar um de seus amigos e relembrarem o passado, foi indagado se havia depois de todo esse tempo, finalmente encontrado a mulher perfeita. Ele respondeu que sim e o amigo novamente perguntou: “E casou-se com ela?” Ao que o homem respondeu: “ Não. Ela também estava em busca do homem perfeito”. Entendem? Muitas vezes nos julgamos dignos de possuir aquilo ou aquele(a) que julgamos que de fato merecemos e acabamos esquecendo que as pessoas também têm desejos próprios e ideais. E assim a vida é.
O fato é que o tempo passa e perdemos pessoas e coisas muito importantes em nossas vidas por conta de nossas atitudes e desejos. Deixamos de viver momentos especiais pelo simples medo de tentar ou por nos julgarmos merecedores de coisas ou pessoas melhores, menosprezando suas qualidades ao ressaltar os seus defeitos. Quem muito escolhe, acaba sendo escolhido, ou inventando paixões impossíveis para fugir da solidão e não admitir os próprios fracassos amorosos. Ou como diria Cazuza: "Você podia ao menos me contar/ uma história romântica".