PERSONA NON GRATA

Quando é que nos tornamos “personas non gratas”? Você já parou para pensar em quando é que o ser humano é considerado um mero objeto descartável?

Bem, existem várias razões para o desprezo alheio, mas considero o principal – se não a chave de tudo – o fato de não satisfazermos as necessidades dos outros. Se parar para pensar bem, parece que o trabalhador perde sua importância quando se aposenta, pois deixa de produzir e passa a ser considerado um verdadeiro fardo porque passa a receber sem trabalhar. Impressionante como é fácil para a sociedade ignorar cerca de trinta anos de contribuição para a previdência e dedicação ao público. Sim, ao público, pois independente da função que o trabalhador desempenhe, ele só existe em função da necessidade que a sociedade tem de receber seus préstimos.

Quando aprendemos a dizer NÃO, também somos descartados como meros objetos. Somos rebaixados e até desprezados por não satisfazer outros interesses que não sejam os nossos próprios interesses. Perdemos amizades – que nem podem ser consideradas amizades, de fato, pois amigo respeita e aceita o outro como ele realmente é – perdemos apoio no ambiente profissional e, quiçá, até parceiros amorosos. Tudo por conta do respeito que dedicamos a quem de fato deveríamos desde sempre respeitar: nós mesmos. Sim, porque quem não respeita a si próprio e é fiel aos seus sentimentos e convicções, não é sequer digno do respeito alheio.

Penso que é mil vezes melhor se tornar “persona non grata” aos olhos dos outros do que diante do espelho, olhando para nós mesmos. É como diz aquele pensamento, de que devemos nos preocupar muito mais com nossa própria consciência do que com nossa reputação, pois a consciência é de fato aquilo que importa, é um reflexo de quem nós somos, enquanto reputação é aquilo que os outros pensam de nós. E o que os outros pensam de nós não é algo relevante para tocarmos nossas próprias vidas.

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 18/10/2009
Código do texto: T1874213
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