VÍCIO _ A PRAGA SOCIAL
Os vícios que grassam a sociedade atual parecem ser incontroláveis, a medida que os examinarmos superficialmente. São como ervas daninhas que, a exemplo de uma lavoura, se alastram pela terra abafando a plantação. Parece que, quanto mais arrancamos o joio, mais ele fura o solo. Arrancamos e ele volta. Pulverizamos e ele sufoca, levando boa parte da planta. Quando não a extermina totalmente.
Assim é a droga. Assim são as substâncias que afetam o físico e a mente das pesoas. Sem distinção. A droga atinge bons e maus, homens e mulheres, jovens e crianças. Essa praga social não pede licença. Ela fura o bloqueio de amor das famílias, atinge os incautos, os desprevenidos, os angustiados, os desalentados, os insatisfeitos, os inocentes.
O uso de certas substâncias tóxicas é antigo. Algumas delas já eram usadas pelos índios americanos e tribos africanas em rituais para abrir contato com os espíritos ancestrais. O álcool, diz a História, remonta a Noé. O homem moderno adotou algumas delas, primeiramente as menos agressivas (pelo menos pareciam), como o fumo e o álcool. Durante a colonização do Continente Americano e de regiões africanas, o branco se interessou e pensando, obviamente, no lucro, as incluiu no costume dos povos europeus. Outras têm sua origem perdida na História longínqua da Ásia, como é o caso do ópio. Assim, o que era para ser apenas parte da cultura de indígenas, africanos e asiáticos, foi levado para a Europa, industrializado e usado, indiscriminadamente, por europeus e americanos. A ganância pelo lucro, repito, fez o europeu transformar o que era simples em complexo.
Se nos reportarmos a História mais recente, temos um exemplo bem moderno: durante a Guerra do Vietnã, o próprio governo norte-americano distribuia ou fechava os olhos para o consumo da maconha entre seus soldados. O medo, o desejo de desertar, a vida instável e sem valor, com o uso da droga eram transmutadas em coragem e indiferença diante da morte. Se hoje os EUA são os maiores consumidores de drogas, em parte isso se deve as guerras que os jovens norte-americanos foram obrigados a participar (uma guerra que não era deles...). Aqueles que conseguiram escapar da morte fratricida, retornaram levando consigo a dependência. Os traumas e os horrores da guerra, presentes em suas retinas, eram amenizados pelo torpor que a droga proporcionava.
Há também outro aspecto para o crescimento rápido no consumo de drogas. No princípio a droga causa euforia, relaxamento e entorpece os estados de angústia e medo. O cérebro guarda essas sensações, de tal forma que, ao advir a depressão, o negativismo, o homem procura lenitivo, mesmo que temporário, na droga. O ser humano sempre busca a felicidade e o bem estar. Não encontrando em sua vida nada que o leve a isso, sai em busca de algo que o afaste, temporariamente, dos estados conturbados da alma.
Assistindo a um Seminário, certa vez, ouvi de uma enfermeira a seguinte afirmação "Se a droga não fosse boa, a princípio, não viciava". Com o uso continuado dessas substâncias,o organismo acostuma e os estados de sofrimento levam o homem a buscar, cada vez mais, o "bem estar" proporcionado pela droga. Com o passar do tempo, as doses precisam ser aumentadas e está instalada a dependência.
É aí que entram os intermediários, os supridores dessa dependência, os famigerados traficantes, que viram no tóxico a oportunidade de lucro, enriquecendo a custa da desgraça alheia. A industria da droga cresceu tanto no último século, que se tornou uma praga social. A ganância do homem é tão grande que hoje existem alucinógenos do maior requinte. E elas estão aí, abertamente a disposição, em qualquer lugar, principalmente naqueles frequentados pelos jovens, que são as vítimas em potencial. As próprias casas noturnas, com explícito desrespeito a lei, oferecem os mais variados tipos, vendendo álcool e fumo a menores, oferecendo drogas industrializadas como o êxtase (ou ecstasy), a cocaína e outras tantas, que não cabe citar aqui. A maconha chega a ser "pura" frente aos horrores causados por outros tóxicos, como o crack. A maconha que, nos anos 60, era quase inócua, hoje se perde no amontoado de lixo tóxico que viceja por aí. Destruindo nossos filhos, interrompendo vidas quase na infância, brutalizando pais de família, destruindo mulheres que, pelo vício, delegam o amor materno a segundo plano. Esses "demônios vivos" não escolhem destino... atingem a todos.
Eu me pergunto por que as autoridades não conseguem por um fim a esse ciclo vicioso e perverso. Será por falta de competência? Será por interesses? Será que são impotentes frente ao traficante, que hoje é um governo paralelo nas favelas das grandes cidades? Será por falta de incentivo dos governantes, que deveriam formar e armar melhor as polícias civil e militar? Será que é disperdício munir esses policiais com armas mais modernas, para intimidar o tráfico?
Eu só sei, porque me deparo e constato isso diariamente, que a sociedade está "carunchada" no seu ponto central, que é a família. O verme avançou tanto que hoje quase todas as famílias enfrentam essa desgraça, seja com um filho, com um pai e até com mães. É o caos tomando conta do núcleo familiar, célula mestra da sociedade. A sociedade foi atingida no próprio coração e está sendo minada, pouco a pouco,pela destruição que a droga causa. E quando falo em droga, me refiro a toda e qualquer substância que, ao viciar, atinge o cérebro humano, modificando as reações do homem e transformando seres em meros joguetes, depois em farrapos humanos e, finalmente, em mortos-vivos (isso quando não morrem antes por overdose).
Que saudades dos filmes de terror da minha juventude, onde, no máximo, uma "Sexta-feira 13" ou um "Exorcista" me faziam fechar os olhos ou esconder a cabeça sob as cobertas! Hoje esses filmes são estórias infantís, se comparadas ao filme de horror em que se transformou a sociedade, tendo como atores as drogas lícitas ou ilícitas.
Termino, elevando meu pensamento ao Ser que criou o Universo, para que Ele derrame LUZ sobre todas as famílias que enfrentam essa triste realidade. Que Ele, no seu poder e bondade, dê forças ao dependente para sair do vício e aos familiares a compreensão para ajudar. De mãos dadas, pais e flhos, para vencer a besta.
Meu carinho e solidariedade a todos que enfrentam esse mal. Nada dura para sempre.