Ansiedade Atroz

Sinto medo do futuro. Medo de fracassar. De seguir o caminho errado e me arrepender depois, quando não há mais volta. Sinto medo de sofrer as conseqüências dos meus atos. Medo de não realizar meus sonhos, de perder o pouco de felicidade que ainda me sobressai momentaneamente. Medo de metamorfosear meus ideais por outros que hoje abomino. Medo de perder tudo que tenho...

Não consigo tomar decisões importantes para meu futuro. Fico contrabalanceando os prós e contra de cada resolução e não chego a uma definição concreta de qual é a melhor. Passo horas e horas numa ansiedade atroz, meditando. Um desgosto pela vida invade-me completamente. Não sinto prazer em nada que faço. Sinto-me estranho, e vou repelindo tacitamente as pessoas ao meu redor. Não consigo, nestes momentos, manter um diálogo nem com um amigo, fico embaraçado na presença de qualquer pessoa. Meu coração acelera impetuosamente, num arrebatamento de profunda neurose!

Um desejo mórbido de estagnar o tempo, de imobilizar os ponteiros do relógio, de manter tudo no mesmo lugar, de deixar a vida sozinha guiar o curso da minha existência, impeli-me frontalmente contra a dúvida sinistra acerca das conseqüências desta imutabilidade paradoxal...

Nestes momentos de torpor, de insegurança, de dubiedade, dilui-me numa ânsia fúnebre pelo nada, pelo vazio – profundo e intemerato! Desejo veementemente lançar-me no vácuo do esquecimento amnésico e na amplidão da inexistência estupefaciente e nebulosa... “Oh! o destino do homem!”.

(Escrito em 28/04/07)