Profunda Tristeza

Sinto um profundo vazio encher minha alma. Um vazio triste, doloroso, soturno. Um vazio cheio de saudades indefinidas. Saudades de uns rostos indefiníveis, de uns momentos de trágica nebulosidade. Saudades do que nem me lembro mais.

O passado reveste-me de lutuosidade e de uma profunda tristeza. É dor, é uma angústia infinda de viver. A vida tão sem sentido, tão triste e enigmática, apavora-me desesperadamente numa ânsia pelo impossível. Ah! Como é árduo viver para o impossível! Viver de ânsias, de desejos insondáveis! Querer abarcar o mundo com minhas pequenas e trêmulas mãos debilitadas e sentir o impacto terrificante da incapacidade, da imponderável fraqueza humana. Ter que aceitar que o mundo é do jeito que é – totalmente desordenado!

Ser o mais triste dos seres tristonhos, o mais solitário dos que vivem encarcerados aos grilhões da solidão, o mais incompreendido dos homens enigmáticos. Saber que toda esta minha singela ternura, esta cósmica paixão, esta vivaz ansiedade... Todos os meus sonhos impossíveis serão inúteis e desaproveitados, jogados nas sombras perpétuas do esquecimento. Quando, enfim, totalmente desfalecido e amnesicamente por todos esquecido, eu atravessar, a fronteira da existência e vislumbrar os campos negros do nada.

P.S: Este texto foi escrito com os olhos cheios de lágrimas, logo após ler uma das paginas mais emocionantes do livro Os sofrimentos do Jovem Wether de Goethe. 2003/2004)