Se há péssimos políticos é porque há eleitores muito ruins.

Fico abismada com essas tantas pessoas que teimam em desobedecer as sensatas normas de edificação e que pavimentam todo o seu lote, sem deixar nem um canteirinho que escoe as águas das chuvas, deixando que elas escorram pras calçadas e ruas. E com elas leve de roldão o abundante e repulsivo lixo que essas mesmíssimas pessoas jogam em qualquer lugar, ainda que haja uma lixeira a poucos passos de distância. Lixo este que termina entupindo as bocas-de-lobo, causando alagamento e espalhando a sujeira, contaminando tudo com os resíduos daninhos da urina e das fezes dos ratos, dos cachorros, dos pombos, dos morcegos e dos espíritos de porco.

E depois ficam bradando indignados e chorosos aos sete ventos contra essa entidade difusa que eles chamam de autoridades, como se elas fossem obrigadas a andar atrás deles catando o seu lixo jogado em lugar indevido. Bem como se elas não fossem indicadas pelos governantes corruptos e demagogos, que lá estão porque receberam os votos dessas mesmas pessoas chorosas e porcalhonas, que os elegeram porque receberam deles os lotes sem nenhuma infraestrutura, sem transporte adequado, sem escolas nem postos de saúde, sem segurança, sem trabalho decente, mas que são endeusados porque seus eleitores só enxergam os próprios umbigos sujos e mesquinhos, incapazes de perceberem que vivem em comunidade. E que comunidades só funcionam quando prevalece a máxima do "um por todos e todos por um", com civilidade e bom senso.

Por isso fico cada vez mais convencida de que, se há péssimos políticos, é porque há eleitores muito ruins.

Infelizmente, parece muito verdadeira a outra máxima que diz "cada povo tem o governo que merece".

E aí estabelece-se o círculo vicioso -- os péssimos governantes que não procuram melhorar as condições de vida e de educação dos seus eleitores; os péssimos eleitores que não procuram melhorar-se por esforço próprio e continuam elegendo os péssimos governantes, esperando receber benesses duvidosas e de mão beijada.

Até quando vamos aturar isso de braços cruzados?

Maria Iaci
Enviado por Maria Iaci em 17/10/2009
Reeditado em 17/10/2009
Código do texto: T1871424
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